terça-feira, 18 de outubro de 2011

Livros do I Ching

(ou Livro das Mutações)

O que hoje conhecemos com o nome de I Ching, o Livro das Mutações, surgiu no período anterior à dinastia Chou (1150-249 a.C.), é o mais lido dos cinco Clássicos Chineses. A tradição diz que este livro pôde ter sido escrito pelo lendário imperador chinês Fu Hsi (2953-2838 a.c.). É possível que o I Ching derive de uma técnica de adivinhação muito antiga, nada mais nem nada menos que pré-histórica, que data do ano 5000 a.C. No âmbito das predições, este pode considerar-se em absoluto o livro mais antigo de todos. Outros comentários posteriores foram contribuídos pelo rei Wen e pelo Duque de Chou no XI século a.C. Com figuras lineares, compostas de linhas inteiras e linhas interrompidas, superpostas em conjuntos de três e seis linhas, chamados “Kua” (signo). James Legge, em sua tradução do I Ching (“The Sacred Books of the East, XVI: The Yi King, Oxford, 1882), cunhou os termos “trigrama” e “hexagrama” para designar os Kua compostos por, respectivamente, três e seis linhas. Esses termos têm sido adotados por vários estudiosos do I Ching, uma vez que possibilitam a distinção dos dois diferentes tipos de Kua.

O ocidente conheceu este extraordinário livro em 1854, graças à tradução de James Legge.

Posteriormente foi brilhantemente traduzido por Richard Wilhelm – I Ching – O Livro das Mutações.

Richard Wilhelm

Eis aí o Prefácio deste livro:

Esta tradução do Livro das Mutações teve início há quase dez anos. Quando, depois da revolução chinesa, Tsingtao tornou-se a residência de vários dos mais importantes eruditos chineses da Velha Escola, encontrei entre eles o meu estimado professor Lao Nai Suan, a quem devo não só um aprofundamento no estudo do Ta Hsueh, do Chung Yung, da obra de Mencius, como também a primeira abertura às maravilhas do Livro das Mutações. Fascinado, percorri, sob sua orientação, esse mundo estranho e, no entanto, tão familiar. A tradução era feita depois de detalhado comentário do texto. Do alemão traduziu-se novamente para o chinês, e só aceitávamos a tradução depois de recriado o sentido total do texto. Em meio a esse trabalho eclodiu o horror da Primeira Guerra Mundial. Os eruditos chineses dispersaram-se, e o Sr. Lao viajou para Kufu, terra natal de Confúcio, de cuja família era aparentado.

Interrompeu-se, então, a tradução do livro, embora meu estudo da antiga sabedoria chinesa não tenha falhado um só dia, mesmo quando trabalhava na Cruz Vermelha chinesa, que dirigi na ocasião do cerco de Tsingtao. Coincidência curiosa: no acampamento, nos arredores da cidade, o general japonês Kamio, comandante do ataque, lia, nos seus momentos de descanso, a obra de Mencius, ao mesmo tempo que eu, um alemão, em minhas horas livres, mergulhava na sabedoria chinesa. O mais feliz de todos, entretanto, era um velho chinês, tão absorto em seus livros sagrados, que nem uma granada caída a seu lado conseguiu tirá-lo de sua tranqüilidade. Ao estender a mão para apanhá-la, pois a granada não havia detonado, recuou rápido ao verificar que ela estava demasiado quente, e retornou a seus livros.

Tsingtao foi conquistada. Apesar de vários outros trabalhos, consegui algum tempo para dedicar-me à tarefa da tradução, porém o mestre em cuja companhia o trabalho havia começado estava longe e era-me impossível deixar Tsingtao. Foi, por isso, uma grande alegria quando, no meio de minhas perplexidades, recebi uma carta do Sr. Lao, comunicando-me que estava pronto para retomarmos nossos estudos interrompidos. Ele chegou, e finalmente foi terminada a tradução. Foram momentos maravilhosos de enriquecimento interior os que então vivi com o velho mestre. Quando a tradução estava completa em suas linhas gerais, o destino chamou-me de volta à Alemanha; ao mesmo tempo o velho mestre despedia-se deste mundo.

HABENT SUA FATA LIBELLI - Na Alemanha, quando aparentemente tão distanciado da Antiga Sabedoria Chinesa, muitas palavras de orientação vieram deste misterioso livro, encontrando em mim, vez ou outra, um solo fértil. Foi, portanto, uma agradável surpresa descobrir na casa de um amigo, em Friedenau, uma bela edição do Livro das Mutações, que eu tanto procurara em vão, em Pequim. Esse amigo demonstrou uma verdadeira amizade, e transformou esse encontro feliz numa posse permanente. Desde então o livro me tem acompanhado em muitas viagens, tendo percorrido comigo metade do globo.

Voltei à China. Novas tarefas me chamavam. Em Pequim um mundo inteiramente novo se abria, com outras pessoas e outros centros de interesse. Ali novamente por diversos caminhos nos veio ajuda e, finalmente, num dia quente de verão, o trabalho foi concluído. Refeito por diversas vezes, o texto afinal tomou uma forma que, mesmo estando longe de responder a meus anseios, dá-me a sensação de poder publicá-lo. Possa o leitor encontrar na verdadeira sabedoria a mesma alegria que tive ao trabalhar nesta tradução.

PEQUIM, VERÃO DE 1923 RICHARD WILHELM


 
Bem, depois se seguiram outras muitas versões, das quais exponho algumas para vocês:


1.    O Guia do I Ching – Carol K. Anthony – Editora Nova Froteira; 3ª Edição
      (EXCELENTE para trabalhar o EGO)
2.    A Filosofia do I Ching - Carol K. Anthony – Editora Nova Froteira; 2ª Edição
3.    I Ching – O Livro das Transmutações – John Blofeld – Editora Nova Era – 14ª Edição
4.    Segredos do I Ching – Os Mistérios da Sabedoria Oriental – Joseph Murphy – Ed. Record – 9ª Edição
5.    I Ching – O Livro das Mutações – Oráculo Chinês – Editora Renes
6.    I Ching – O Jogo da Vida – Marlene Deon – Editora Zohar – 1ª Edição
7.    I Ching – Não tome decisões antes de consultá-lo – Richard Lewis e G. M. G. Moraes – Ed. Madras
8.    Princípios de Leitura Astrológica do I Ching – Raul V. Martinez
9.    I Ching - Princípio, prática e interpretação - Jean-Philippe Schlumberger - Editora Pensamento
10.  I Ching - O Livro das Mutações - James Legge - Editora Hemus
11.  O I Ching e os Mistérios da Vida - Martin Schonberger - Editora Pensamento
12.  I Ching - O Livro das Mutações - Paulina Roitman - Editora Trevo
13.  O I Ching Iluminado - Judy Fox, Karen Hughes, John Tampion - Editora Cultrix
14.  A Sabedoria do I Ching - Richard Wilhelm - Editora Pensamento


4 comentários:

  1. Grato pelo trabalho de compor esta lista. Muito útil.

    ResponderExcluir
  2. Considero o I Ching um livro excepcional aonde nosso inconsciente aflora e nos orienta pelo caminho certo e simplesmente admirável

    ResponderExcluir
  3. Muito obrigado pelo belo texto e orientações.

    ResponderExcluir