Tai Chi Chuan - RJ por zms no Videolog.tv.
Tai Chi Chuan
O Tai Chi Chuan (em chinês: 太極拳 e pinyin: Taiji Quan) é uma arte marcial
interna chinesa,
categoria nomeada em chinês de neijia
(內家).
O
Tai Chi Chuan é
uma arte milenar de origem oriental, com um sistema de práticas que beneficiam
as pessoas num todo, equilibrando tanto a mente quanto o corpo.
As
práticas de Meditação (Serenidade) e o Tai Chi Chuan são
técnicas específicas para a obtenção de estados mentais tranqüilos, que podem
ajudar na prevenção e na cura de doenças. O Tai Chi Chuan integra
o corpo e a mente, a respiração e o movimento, as mãos e os pés. O corpo
inteiro se torna integrado e move-se como um todo. A mente (Yi) é usada para dirigir a energia (Chi) e movimenta os membros do corpo. O movimento impulsiona o
sangue através do sistema, ajudando no funcionamento adequado dos órgãos
internos.
O Tai Chi Chuan é composto de movimentos abertos,
redondos e relaxados, designados a estabilizar o equilíbrio das forças vitais
do organismo (a união entre as forças vitais Yin e Yang). Isto ajuda todo o
corpo a executar suas funções de maneira eficiente, sem a intervenção do
trabalho de cada órgão. Através destes movimentos suaves, aprendemos o segredo
da “imunidade contra doenças degenerativas”. Com o conhecimento de como
exercitar-se corretamente e com determinação a disciplinar-se consistentemente,
adquirimos a saúde natural.
Os
ideogramas que compõe a palavra Tai Chi Chuan significam:
1. 太, Tai significa
"o maior", "o mais alto", originalmente se referia à parte
mais alta do telhado - "cumeeira"
2. 極 (ou 极, em
chinês simplificado), Chi (ou Ji)
significa "supremo", "absoluto"
3. 拳, Chuan (ou Quan) significa Punho, aqui
simbolizando "soco", "luta à mãos livres" (desarmadas),
"boxe"
Portanto,
algumas das possíveis traduções literais de Tai Chi Chuan são: "Punho da Suprema
Cumeeira", "Punho do Limite
Supremo" ou simplesmente "Punho
do Tai Chi". Como cada ideograma pode ter mais de um sentido, há
outras formas de traduzir o termo além destas.
Os textos clássicos do Tai
Chi Chuan escritos pelos mestres orientam a:
·
Vencer o movimento através da
quietude (Yi Jing Zhi Dong) 以靜制動
·
Vencer a dureza através da suavidade
(Yi Rou Ke Gang) 以柔克剛
·
Vencer o rápido através do lento (Yi Man Sheng Kuai) 以慢勝快
No
Taoísmo, onde o Tai Chi Chuan teve sua origem, a "Suprema
Cumeeira", ou "Limite Absoluto" tem a conotação filosófica de
"Elevação", "Sublimação", "Purificação",
resultante, entre outras, do desenvolvimento de um mecanismo de defesa
emocional pelo qual tendências ou sentimentos inferiores se transformam em
outros que não o sejam.
O Tai Chi
também simboliza o "Cosmos" e a interação, dos princípios energéticos
Yin e Yang, em constante mutação, sendo conhecida a sua representação pelo Tai
Chi Tu (Diagrama do Tai Chi), mais conhecido no Ocidente como o "Símbolo do
Yin-Yang".
Este estilo
de arte marcial é reconhecido também como uma forma de meditação em movimento. Os princípios filosóficos do Tai Chi Chuan remetem ao Taoísmo
e à Alquimia
Chinesa. A relação de Yin e Yang,
os Cinco Elementos, o Ba Gua
(Oito Trigramas), o Livro das Mutações (I Ching)
e o Tao Te Ching de Lao Zi (Lao Tze) são algumas das principais referências para a
compreensão de seus fundamentos.
O Tai Chi Chuan, desde sua criação, veio se desenvolvendo ao longo do tempo.
Inicialmente, no seio das famílias, a partir de seus princípios e fundamentos,
foram sendo desenvolvidas técnicas que acabaram por criar Estilos ou Escolas
diferentes de Tai Chi Chuan. Com o passar do tempo, esses Estilos saíram dos clãs familiares e
foram disseminados, inicialmente nas aldeias, e finalmente chegando às Cidades,
se popularizando. Nesse processo de abertura, o Tai Chi Chuan foi sendo modificado, até atingir a variedade de estilos e sub-estilos
existentes no dia de hoje.
Apesar de
ter suas raízes na antiga China,
o Tai Chi Chuan é atualmente uma arte praticada em todo o mundo. É apreciado no ocidente
especialmente por sua relação com a meditação
e com a promoção da saúde, oferecendo aos que vivem no ritmo veloz das grandes
cidades uma referência de tranquilidade e equilíbrio.
Mestre Zhang San Feng
Os
criadores do Tai Chi Chuan basearam sua arte na observação da Natureza
- não apenas na observação dos animais, mas no estudo dos princípios da
interação entre os diversos elementos naturais.
Como somos
parte desta natureza, o conhecimento destes princípios e de como atuam dentro
de nós, estudados pela Medicina Tradicional Chinesa, revelam o Tai Chi como uma fonte efetiva de energia que encontra-se em
nosso interior, situada na região do corpo nomeada pelos chineses de Dantian Médio.
A arte do Tai Chi Chuan é praticada atualmente em escala mundial.
Encontramos
diversas versões a respeito do surgimento desta arte. Uma delas, imersa em
lendas, atribui o seu desenvolvimento a
um sacerdote taoista (monge taoista) imortal, associado a montanha
de Wudang, consideradas por diversos
historiadores o berço dos estilos internos das artes marciais chinesas. Nome deste sacerdote é Cheung
San Fungao, também
grafado como Mestre Zhang San Feng (1247-?).
Supostamente viveu durante a Dinastia Ming Yuan e (1279 - 1644 AD). Ele disse
ter visto uma cobra e um guindaste em batalha e então percebeu que o guindaste
não era capaz de matar a cobra porque ele é de movimentos circulares e
retaliação. Praticantes de diversos estilos de Tai Chi Chuan creditam a ele a criação desta arte.
Outra de Chang San Feng
Diz a lenda, que um dia o monge
taoista Chang San-Feng se encontrava
meditando e escutou um ruído estranho vindo de fora do ambiente quieto e
silencioso da meditação de sua casa. Da janela viu uma serpente molestando a um
cisne.
Segundo relatava “Da Liu” no seu livro “Tai Chi Chuan I Ching”, o cisne se
plantou de frente à serpente e atacou-a com o bico. A serpente se esquivou para
trás e atacou o cisne no pescoço. O cisne se protegeu com sua asa direita e
então a serpente atacou suas patas. O cisne recolheu sua pata direita que foi
atacada e bateu sua asa esquerda contra o atacante. Ele atacava e se defendia
passo a passo. O mesmo fazia a serpente que atacava e se esquivava com suas
típicas contrações, se mantendo fora do alcance do ataque do cisne. Finalmente
o cisne levantou vôo e a serpente retornou ao seu esconderijo, preparando-se
para a luta do dia seguinte.
Da Liu acrescenta que Chang San-Feng compreendeu ao ver nesta
luta a importância de ceder contra a força.
O combate entre o cisne e a serpente
ilustrava o princípio básico do I Ching,
“A força deve converter-se e adaptar-se”. É o Yin e o Yang fluindo.
Chegou à outra conclusão, “apesar da fraqueza da água, sua constância
derrota a rocha”.
Chang começou a observar a natureza e
os animais. Á arvore, que se dobrava contra a força do vento e retornava a sua
postura de origem. Deste movimento e estudos feitos por Chang San Feng, foi criado o Tai
Chi Chuan.
Existem então duas versões para a
criação do Tai chi Chuam. Como foi observado na nossa matéria "os misteriosos diagramas do Taichi e do Pakua", durante o
reinado do imperador Chien Lung da
dinastia Ching (1644-1911 D.C.), o estudioso Wang Tung-Yueh colocou mais teorias ao diagrama Tai chi e anexou o
mesmo às lutas marciais desta época, criando assim o Tai chi Chuan.
A história de Chang San-Feng é considerada uma lenda e a 2ª versão é baseada em
livros reais existentes sobre a raça chinesa. O Tai Chi Chuan juntamente com o HSING I e o PAKUA compõem os 3 estilos principais
internos do Kung Fu Chinês.
Mestre Heitor
Documentos
históricos consideram o general chinês Chen
Wang Ting (1600-1680)
o criador do estilo Chen de Tai Chi, que
ganhou grande projeção e está na raiz da origem dos estilos praticados pelas
outras linhagens/famílias.
Chen Changxing
Chen Changxing (1771-1853), que praticava o Estilo Chen, descendente do Chen Wangting, se dedicou exclusivamente
à prática das artes marciais, uma tradição familiar, tendo sido o responsável
por um fato importante a história do Tai Chi Chuan: teve muitos discípulos e foi o primeiro
a ensinar a técnica para pessoas de fora da família.
São cinco os
estilos de Tai Chi Chuan reconhecidos como tradicionais pela comunidade internacional, cada um
deles recebeu o nome da família chinesa que o ensina (ou ensinava). Todos
seguem os mesmos princípios teóricos básicos, mas diferem pela abordagem dada
ao treinamento.
Por ordem
cronológica:
1. Tai Chi Chuan estilo Chen (陳氏)
2. Tai Chi Chuan estilo Yang (楊氏)
3. Tai Chi Chuan estilo Wu/Hao (de Wu Yu-hsiang) (武氏)
4. Tai Chi Chuan estilo Wu (de Wu
Jianquan) (吳氏)
5. Tai Chi Chuan estilo Sun (孫氏)
Ordenados por sua popularidade, considerando o número de praticantes,
teríamos: Yang, Wu, Chen, Sun e Wu/Hao.
Atualmente
encontramos referências a diversos outros estilos. Alguns deles são estilos híbridos
ou derivados destes cinco estilos mais famosos. Outros alegam ter sido
praticados em segredo dentro de outras famílias ou em monastérios a partir das
referências milenares taoístas que deram origem a esta prática, tornando-se de
conhecimento aberto ao público há menos tempo.
Montanha Wudang
Entre
estes exemplos se inclui o estilo Wudang,
referência ampla à prática de Tai Chi Chuan realizada
ainda hoje nos templos da montanha de Wudang (não confundir com o estilo
contemporâneo que tomou para si o nome de Tai Chi Chuan de Wudang = Kung Fu em sua
origem).
Há também
o que poderíamos chamar de Tai Chi Chuan estilo de Pequim, composto por Formas padronizadas pelo Governo Chinês, através do
Comitê Nacional de Esportes da China, desenvolvidas exclusivamente para fins
terapêuticos e esportivos. Hoje em dia muito popular não apenas na China, mas
em todo o mundo.
A
estruturação formal do Tai Chi Chuan só ocorreu entre os séculos VIII e
XIII d.C., como uma arte marcial derivada do Kung Fu praticado no templo
budista de Shaolin. Este Kung Fu foi
primeiramente denominado “Tai Chi Chuan
Wudang” devido ao fato de ter sido sistematizado no templo budista de Wudang.
Depois que saiu do templo Wudang, o Tai Chi Chuan evoluiu em várias direções. Nos
primeiros tempos foi aplicado como arte marcial pura, sendo que resquícios
desta época ainda estão presentes na forma de competições de luta de Tai Chi Chuan em Cingapura e Hong Kong. Apesar disso, o ramo que mais se desenvolveu
foi o do Tai Chi Chuan como atividade física para a saúde, que incorporou conceitos da
filosofia, da medicina e de outras ginásticas e práticas terapêuticas chinesas,
sem descartar completamente o aspecto de arte marcial. Há, pelo menos, cinco
estilos descendentes diretos do Tai Chi Chuan Wudang (Chen, Yang, Wu, Wu Hao e
Sun). Em 1956, o Comitê Esportivo Nacional Chinês reuniu professores de
educação física e médicos para desenvolveram uma seqüência curta do Tai Chi Chuan contendo elementos dos vários estilos, no intuito de regulamentar,
popularizar e facilitar a prática, tanto terapêutica quanto desportiva da
modalidade. A Seqüência Curta do Tai Chi Chuan ou Tai Chi Simplificado e os
exercícios que compõem esta prática foram publicados numa série de cadernos
pedagógicos oficiais, posteriormente reunidos e traduzidos para os principais
idiomas ocidentais com o nome de WUSHU – Guia Chinês para a Saúde e o Preparo
Físico da Família. Este guia para professores descreve e ilustra, em
pormenores, as diversas técnicas disponíveis para o planejamento da prática do Tai Chi Chuan.
Estilo Yang Tradicional de Tai Chi Chuan
O Estilo Yang de Tai Chi Chuan foi criado por Yang Luchan. Ele estudou o Estilo Chen de Tai Chi Chuan durante aproximadamente 30 anos e mais tarde foi para Pequin, onde
removeu alguns movimentos da forma original do Estilo Chen, como saltos
vigorosos, passos pesados e alguns movimentos difíceis, criando o Estilo Yang.
O Estilo
Yang é simples, elegante e de fácil aprendizagem, usando a força interna. Apropriado para pessoas de todas as idades e condições de saúde,
tornou-se o estilo mais popular de Tai Chi Chuan em todo o mundo. Os movimentos fluem continuamente mantendo uma
velocidade constante, sendo suaves, imponentes, circulares e equilibrados. A
postura corporal é equilibrada e centralizada, expressando uma aparência
majestosa e graciosa. Existem naturalmente muitas variações de estilo como
resultado das diferentes abordagens dos professores e mestres. Devido a estas
variações, o atual Mestre do Estilo Yang
Tradicional, Mestre Yang Zhenduo (bisneto de Yang Luchan), vem trabalhando
para preservar os princípios mais importantes do Tai Chi Chuan que são o coração do Tai Chi. Ele diz que
estes princípios devem ser estudados e praticados cuidadosamente, com
consciência, atenção e dedicação, para que a arte não se deturpe e perca o seu
grande valor tanto externo, melhorando a saúde das pessoas, como interno, na
formação do caráter e desenvolvimento interno e espiritual, dos indivíduos da
sociedade atual.
AS TREZE POSTURAS FUNDAMENTAIS
Enquanto
arte marcial, o Tai Chi Chuan se baseia em treze conceitos
fundamentais (Shi San Shi 十三势). Estas
posturas/movimentos podem ser reconhecidos nas diversas formas praticadas pelos
diferentes estilos. Cada escola interpreta estes conceitos com pequenas
variações. São conhecidas como As Oito Portas
e os Cinco Passos 八門 五步, em chinês são denominadas: Peng,
Lu, Ji, An, Cai, Lie, Zhou, Cao, Jin, Tui, Gu, Pan e Ding.
As Oito Portas (Bā mén) se associam às oito direções representadas pelos oito trigramas do Pa Kua (pinyin bā guà 八卦), elementos básicos na constituição do I Ching (pinyin Yijing 易经).
Os Oito
Portais estão relacionados com os oito métodos (bafa), ou técnicas de mãos (shoufa).
AS posições e os portais representam o princípio Yin e Yang em posições diversas.
Eles movem-se dando voltas, num círculo contínuo. É indispensável a compreensão
dos quatro lados (sizheng) e quatro
cantos (syu) do quadrado. Aparar
(Peng), puxar para trás (Lu), pressionar (Ji) e empurrar (An) são técnicas dos
quatro lados. Puxar para baixo (Lie), tangenciar (Cai), golpe com o cotovelo
(Zhou) e golpe com o ombro (Kao) são técnicas dos quatro cantos. Combinando as
técnicas de cantos e lados obtemos os oito trigramas dos portais - Bagua (Pa Kua) e as posições.
·
Os quatro lados (Si zheng 四正)
(1). Péng 掤 (aparar – portal Kan – água)
(2). Lǜ 履 (desviar –
portal Li – fogo)
(3). Jǐ 擠
(pressionar – portal Tui – lago)
(4). Àn 按 (empurrar – portal Chen – trovão)
- Os quatro cantos (Si yu 四隅)
(5). Cǎi 採 (colher e puxar – portal Chien – céu)
(6). Liè 挒 (colher e quebrar – portal Sun –
vento)
(7). Zhǒu 肘 (golpe de cotovelo – portal Kun - terra)
(8). Kào 靠 (golpe de ombro – portal Ken – montanha)
Os cinco passos (Wǔ bù) 五步 podem ser relacionados aos Cinco Elementos cósmicos (五行 py wǔ xíng) que fundamentam a medicina tradicional chinesa: madeira, fogo,
terra, metal e água (木, 火, 土, 金, 水).
(9). Jìn bù 進步 (avançar – Huo – fogo)
(10). Tùi bù 退步 (recuar -
Suei - água)
(11). Zǔo gù 左顧 (olhar à esquerda – Mu –
madeira)
(12). Yòu pàn 右盼 (olhar à
direita – Jin – metal)
(13). Zhōng
dìng 中定 (equilíbrio central – Tu -
terra)
As
Armas no Tai Chi Chuan
As cinco armas do Tai Chi também se relacionam às idéias por
trás da Teoria das Cinco
Fases. Da mesma forma que os elementos representam a qualidade
interna de cada movimento, as armas desempenham papel semelhante. Pode-se dizer
que existe uma parceria entre cada movimento e a arma que a ele se relaciona.
Cada par tem aplicações distintas, e elas se relacionam às táticas específicas
do combate.
Os Cinco
Passos (Wu Bu) estão relacionados com as técnicas de pés (bufa) e correspondem aos Cinco Elementos (wuxing), conceitos melhor entendido se traduzido como os Cinco Processos Elementais de Transformação
de Energia. Eles fornecem o controle sobre as oito direções. Avançar
(Fogo), Recuar (Água), Olhar para esquerda (Madeira), Olhar para direita
(Metal) e ficar no centro (Terra) são as técnicas dos Cinco Elementos. Ficar no centro
significa manter o equilíbrio central que age como um ponto de eixo, pois
contêm os oito trigramas para os pés e os cinco elementos para as mãos e os
passos.
Da mesma forma que a Terra é considerada como a mãe dos demais
elementos, todas as armas são consideradas como descendentes da mão vazia. Em ação, a habilidade natural
da mão vazia é a de agarrar. Ela pode controlar a espada de dois gumes, se puder
agarra-la. Isso representa o domínio
da Terra sobre a Água.
A espada de dois gumes
derrota a força penetrante da lança.
Aqui, a Água extingue o Fogo.
A lança, por sua vez, supera o efeito
de corte do sabre; o Fogo supera o Metal.
Os cortes do sabre, de sua parte, podem rachar o cajado; e assim o Metal supera a Madeira.
Por fim o cajado é capaz de quebrar os ossos da mão aberta, e com isso a Madeira supera a Terra.
Cada uma das armas do tai chi está associada a um movimento do Tai
Chi. A mão aberta, por
exemplo, forma um par com o equilíbrio central, termo usado para expressar o
equilíbrio interno e a confiança dos quais todos os demais movimentos devem proceder.
Um Passo
e olhar a esquerda está relacionado ao Metal, e por isso é duro por natureza. Em
ação, um passo e olhar a esquerda é
acompanhado por um soco de direita. Se estudarmos o ciclo de construção,
descobriremos que o Metal foi produzido pela Terra e, como resultado dessa
associação, o soco de direita deve ser desferido com equilíbrio e confiança.
A Água descreve uma forma especial de retirada. Não é como o
recuo descontrolado de um exército derrotado, mas a entrega tática de uma
posição inútil. Em termos de posições do Tai Chi, significa recuar, e oferece a
qualidade da elasticidade. Quando a dureza do Metal apoia a maleabilidade da Água,
temos uma posição defensiva flexível. Mas ela pode se tornar uma posição
ofensiva com muita rapidez.
Olhar
a direta é o movimento associado a Madeira, e diz-se que ele incorpora o
poderio. Quando associado à Água, o movimento implica força flexível. O avanço
é associado ao Fogo e se refere ao movimento ofensivo de dar um passo a frente.
Combinado a Madeira, a ferocidade natural do Fogo é alimentada e reforçada.
Como se pode ver, a sequencia criativa é aplicada de maneira ofensiva.
A sequência destrutiva é aplicada da maneira exatamente oposta
defensivamente. Nessa sequencia vemos as fases, na forma dos elementos, usadas
para contrabalancear uma a outra. A Terra supera a Água, e a
Água supera o Fogo. O Fogo supera o metal, que por sua vez supera a Madeira.
Os dois ciclos podem ser compreendidos em termos de expansão, representada pelo
padrão agressivo, e contração, representada pelo padrão defensivo.
O Tai Chi não serve apenas à autodefesa. Aprenda sobre os
efeitos benéficos que o Tai
Chi Chuan pode ter sobre a saúde de um praticante.
A adequação da proporção entre estes dois aspectos dentro do
trabalho realizado por um instrutor com um grupo específico depende da formação
do instrutor segundo uma escola que enfatize mais um ou outro aspecto, da visão
pessoal do instrutor sobre a prática e das necessidades específicas do grupo de
alunos com que trabalha (um grupo de adolescentes e um grupo de terceira idade
naturalmente necessitam de propostas distintas).
Sabendo isto, é importante que o interessado em praticar Tai Chi Chuan
converse com os responsáveis pela orientação de seu grupo para descobrir como
são abordados os diferentes aspectos pertinentes a esta prática, como: a
autodefesa; o treinamento para a saúde; o equilíbrio dos aspectos físicos,
emocionais, mentais e espirituais. Verificando se estas posturas correspondem
às suas expectativas em relação à prática.
Os Dez Princípios
Essenciais
Conforme Yang Chengfu:
1. Suspender a cabeça pelo topo com
leveza e sensibilidade Xu Ling Ding Jin
2. Esvaziar o peito Han Xiong e alongar as costas Ba Bei
3. Relaxar a cintura Song Yao
4. Distinguir entre o cheio e o vazio
Fen Xu Xhi
5. Relaxar os ombros Chen Jia e soltar os cotovelos Zhui Zhou
6. Usar a mente e não a força
muscular Yong Yi Bu
Yong Li
7. Interligar os movimentos da parte
superior e inferior do corpo Shang Xia Xiang Sui
8. Unir o interior e o exterior Nei Wai Ziang
He
9. Mover-se com continuidade, sem
rupturas Xiang Liau Bu
Duau
10. Buscar a quietude dentro do
movimento Dong Zhing Qiu
Jing
Diagrama do Tai Chi
(O símbolo do yin yang)
Em 1200
d.C. o monge Taoísta Chang San-feng
fundou um templo na Montanha Wu-tang, para a prática do Taoísmo, visando o
supremo desenvolvimento da vida humana. Mestre Chang enfatizou a harmonia do
Yin/Yang como um meio de melhorar o desenvolvimento da mente e da habilidade
física, a meditação natural, bem como, movimentos naturais do corpo propulsados
por uma energia interna que deveria ser desenvolvida a um certo nível de
aquisição. Este complexo sistema de práticas recebeu o nome de Tai Chi Chuan.
Templo na Montanha de Wu-tang
Na época,
o Tai Chi Chuan também foi criado com propósitos de combate, como uma arte marcial para
o desenvolvimento externo e interno. Mas com o passar dos séculos esta função
foi diminuindo e se colocou mais ênfase nos propósitos relativos ao
desenvolvimento da saúde. Tai Chi significa "o supremo". Isto significa
melhorar e progredir em direção ao ilimitado; significa a existência imensa e o
grande eterno. Os verdadeiros e dedicados mestres permaneciam nas montanhas e
junto com seus seguidores levavam uma vida monástica com o objetivo de manter a
arte pura. Eles meditavam e praticavam diariamente para elevar o espírito, a
condição da mente, disciplinar o corpo e elevar a essência. Desta forma, o
sistema original foi preservado mais ou menos intacto, com as disciplinas da
mente e do corpo sendo incluídas no treinamento. Desde um grande esforço e
concentração, como firme dedicação, eram requeridas para se atingir qualquer
nível de evolução no Tai Chi. Um sistema monástico rapidamente se desenvolveu e
participar disto tornou-se um privilégio exclusivo. Aqueles que atingiram altos
graus tornaram-se líderes do sistema e, seguidos por seus entusiastas, eles
formaram um relacionamento de treino único entre mestre e discípulo.
Esta
tradição teve um importante papel na passagem do conhecimento e da sabedoria do
Tai Chi para a sociedade e o poder imenso de sua influência foi capaz de fluir
profundamente em todas as classes sociais. Suportado pelas pessoas comuns e às
vezes até pelos imperadores (como quando o Mestre Chang San-feng foi convocado
para dar conselhos aos governantes sobre a filosofia Taoísta), o templo do
estilo Tai Chi adquiriu tão forte imagem, que o Tai Chi era a suprema arte da
Vida. Mestres de Tai Chi eram observados como símbolo de sabedoria.
Eles eram
altamente respeitados especialmente por praticarem justiça, caridade, educação
e artes de medicina. Seguidores do Tai Chi acreditavam
que o povo deveria se disciplinar para ser espiritual, saudável, bom e
inteligente; ser responsável e auxiliar os outros para atingir graus maiores de
desenvolvimento; amar a verdade; lutar ferozmente contra a imoralidade e a
injustiça e proteger os necessitados e os fracos. Foi com estes objetivos na
mente que o aspecto da arte marcial do Tai Chi se desenvolveu e foi enfatizado.
Os sobrenomes das famílias se associaram com os diferentes estilos do Tai Chi
que foram sendo ensinados de boca a ouvido, de geração em geração, como por
exemplo o estilo Chen, o estilo Yang e o estilo Wu. Muitos destes são ainda
conhecidos hoje. Cada estilo era distinto, mas todos seguiram os princípios
Clássicos do Tai Chi.
Foi Yang Luchan que ao treinar Tai Chi Chuan com Chen Wan Ting (1771-1853),
divulgou mais e mais o Tai Chi Chuan. Se a família Chen foi o berço do Tai Chi
Chuan, a família Yang foi a fonte principal de sua propagação graças a Yang Luchan (1799-1872). Foi seu neto
Yang ChengFu (1883-1936), que sistematizou e divulgou o Tai Chi Chuan por toda a China, difundindo-o como prática profilática. Seu filho e
herdeiro Yang Zhenduo é quem hoje dá continuidade ao seu trabalho, sendo reconhecido
atualmente como a maior autoridade mundial em Tai Chi Chuan.
O Tai
Chi Chuan já foi empregado na antiguidade como uma forma avançada e
eficaz de combate: a função de guarda costas foi exercida por diversos
praticantes da família Chen; instrutores da família Yang deram aulas para a
guarda imperial e posteriormente para o exercito republicano chinês. Sua
aplicação como arte marcial acontece através do uso de movimentos circulares e
contínuos que acompanham e complementam os movimentos do adversário de um modo
similar ao ilustrado pelo símbolo do Tai Chi.
Ao definir o Wushu
(o termo chinês para arte marcial), Jet Li, famoso artista
marcial e ator, comenta que: Com o
advento da tecnologia você tem armas, canhões, bombas nucleares e outras armas
avançadas. Aprender wushu não serve mais ao objetivo de lutar corpo a corpo
contra tigres, invasores etc.. Hoje, se você mata ou aleija alguém com um
movimento impressionante de wushu aprendido com dez anos de um programa
intensivo de treinamento, isso não vai te ajudar a sobreviver. A polícia vai te
prender por assassinato, a sociedade vai te rejeitar, e a coisa toda teria sido
feita muito mais rapidamente puxando o gatilho de uma pistola com um
silenciador. Agora, a sociedade valoriza a prática e exibição do wushu de
formas diferentes. Ele conclui dizendo que, na sua opinião, a melhor razão
de todas para realizar estas práticas: é que ele permite que a
pessoa exercite o seu corpo e melhore a sua saúde.
O próprio símbolo do yin/yang,
conhecido também como diagrama do Tai
Chi, é a melhor metáfora para refletir sobre quaisquer posturas que
se apresentem como polos opostos em uma discussão.
Este símbolo mostra a interação dos opostos e como um interage,
define e amplia o significado do outro. A prática do Tai Chi Chuan
focada na questão marcial e a prática focada na questão da saúde podem ser
vistas como estes polos extremos, para que o treinamento seja efetivo é
necessária a presença destes dois aspectos.
A história do Tai chi chuan
é considerada sempre sob dois aspectos: o lendário e o historicamente
comprovado. Esses dois aspectos não se excluem necessariamente para a maioria
dos professores propagadores dessa arte.
O aspecto
lendário é, geralmente, encarado como uma metáfora para indicar o
desenvolvimento dos princípios do tai chi chuan através da figura do
taoista imortal Chang San Feng.
Historicamente comprovado, o criador do Tai chi chuan
foi Chen Wangting.
Chen
Wangting
Existem indicações de que, durante a Dinastia Tang (618-906
d.C.), um eremita chamado Xu Xuan Ping
desenvolveu uma arte chamada "os
trinta e sete estilos do tai chi", também chamada de chang chuan (punho longo) ou chang kiang (rio longo).
Por volta da mesma época, um monge taoista chamado Li Dao Zi praticava uma arte denominada
"punho longo primordial", semelhante aos trinta e sete estilos do tai
chi.
Muitas
das posturas dessas duas artes têm nomes semelhantes aos das atuais posturas do
tai chi chuan.
O texto Guan Jing Wu Hui
Fa (Método para se Alcançar o Esclarecimento Através da Observação da
Escritura), escrito por Cheng Ling Xi
na época da Dinastia Liang (907-923 d.C.), no período das cinco dinastias e dos
dez reinos, é o documento mais antigo já encontrado a usar o termo tai chi chuan.
Cheng Ling Xi foi discípulo de Han Gong Yue, que lhe ensinou sua arte,
chamada "Os catorze estilos do
treinamento do tai chi".
Chang
San Feng (1247-?), que então vivia num templo taoista do monte Wudang,
já teria desenvolvido uma arte conhecida como "Os trinta e dois estilos do punho longo de Wudang" e,
posteriormente, criou "As treze posturas do tai chi", após observar
uma luta entre um pássaro (grou) e uma cobra, quando constatou que a
flexibilidade se sobrepunha à rigidez, compreendendo a prática da alternância
entre o yin e o yang e outras concepções da natureza, que se constituem na base
do que depois passou a ser chamado de tai chi chuan.
O sucessor de Chang
Sangfeng foi o também monge taoista Taiyi
Zhenren que, no final da dinastia Ming, difundiu a arte entre os discípulos
do monte Wudang. Entre esses discípulos, encontrava-se outro monge de nome Ma Yun Cheng.
Ma
Yun Cheng transmitiu a arte para vários discípulos célebres, entre eles Mi Deng Xia e Guo Ji Yuan, popularmente conhecidos como "os dois
santos" e Wang Zhong Yue, que
denominou essa arte de Wudang tai chi
chuan e escreveu o Tratado
de Tai Chi Chuan, um dos Clássicos do Tai Chi Chuan.
Wang
Zhong Yue transmitiu o tai
chi chuan ao famoso mestre Zhang
Song Xi, que depois o ensinou a Dan
Si Nan, que veio a ter como discípulo Wang
Zheng Nan, que se referia à arte de Wudang como uma arte interior, distinta
das artes de Shaolin, que ele chamava de arte exterior.
Segundo os historiadores Tang
Hao e Gui Liuxin, seguindo a
origem a partir do fato histórico de que Yang
Luchan aprendeu com Chen Changxing
(1771-1853) do vilarejo de Chenjiagou, o tai chi chuan foi criado por Chen Wangting (1600-1680) na passagem da dinastia Ming para a
dinastia Qing. Esta é a versão considerada oficial pelo governo chinês.
Mestres
de Tai Chi Chuan
JI
e QUI
É preciso atenção na sutileza da interpretação chinesa, pois no taiji
(também transliterado como taichi), esse "ji"
ou "qui" não é o mesmo "qi" (energia, ar), que o kung fu
(arte marcial chinesa) bem explora como chi kung (ou qikong). O ideograma para
esse "qi" ( 气
) não é o mesmo do "ji" ( 极
).
O pano de fundo de ambos os termos pode ser afim, apontando para
um sentido praticamente comum, mas o ji tem direção mais filosófica, quase que
taoísta, com sentido de supremacia. Assim, o taiji teria um significado como sendo
um conhecimento de primeira grandeza, dando idéia de grande e supremo (mais ao
pé da letra).
Já o qi do chi kung, é uma técnica de fortalecimento interno nas
artes marciais chinesas, específico para o fortalecimento interno do
praticante.
A semelhança dos sons aos ouvidos ocidentais, é verdade,
colabora para a mistura dos termos. Mas no pensamento tradicional chinês, são
termos distantes com relação à pratica marcial e, principalmente, quanto ao
conteúdo doutrinário.
Prática
de Tai Chi Chuan
com Leque
O Leque é uma arma tradicional em diversos estilos de Wushu, foi
introduzido no Tai Chi Chuan
recentemente, por volta dos anos 70. Apesar de não termos dados precisos,
acredita-se que essa prática tenha sido criada fora da China continental.
Desde então, alguns Mestres criaram sequências do Leque do Tai
Chi (Tai Shi Shan), baseadas principalmente no estilo Yang.
Atualmente o Comitê Nacional de Esportes da China está em
processo de incorporar às rotinas de exibição e competição, uma sequência
padronizada do Leque do Tai Chi, baseada no Estilo Yang.
Apesar de ser concebido como um "inocente" assessório
pessoal, o Leque nas mãos de um lutador permite muitas aplicações marciais.
- Fechado, junto ao antebraço, o Leque serve como defesa para
ataques de armas longas, como, por exemplo, do Bastão; semi-aberto, ajuda nas
técnicas de agarramento (Na).
- A extremidade de sua parte mais compacta, onde as varetas se
unem formando um cabo, servem para atacar pontos vitais, e suas varetas
externas podem ser usadas para golpear os locais que interrompem a respiração
ou circulação do oponente.
- Seus movimentos súbitos de abrir e fechar, que provocam um som
alto e penetrante, são utilizados para distrair o oponente, desviando sua
atenção, de forma a facilitar a defesa ou a aplicação de um golpe de ataque.
Tradicionalmente leves, feitos em tecido de seda, com bonitos
desenhos, preso em vareta de bambu ou madeira leve (hoje encontra-se até
varetas de material sintético), o Leque
Marcial é mais pesado, já que as duas varetas das extremidades (ou
mesmo todas), são de metal, para permitir maior eficácia na aplicação dos
golpes.
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Parabéns pela matéria tão completa e ler é uma ajuda e tanto pra mim que sou praticante de Tai Chi ha um ano, ainda no início e já apaixonada por essa arte marcial que é uma meditação em movimento. Agradeço por disponibilizar tantas informações importantes e curiosas.
ResponderExcluirGratidão por tantas informações valiosas e tão bem elaboradas. Também sou praticante há quase um ano e completamente apaixonado por essa maravilhosa prática!
ResponderExcluir´Boa tarde, estou a redigir um trabalho universitário sobre esta arte marcial e a sua ligação à enregia curativa através do "Tao" ( livro de Mantak Chia). gostaria de saber, se possivel, qual a bibliografia utilizada aqui, a fim de poder cita-la no meu trabalho.
ResponderExcluirSem mais demoras, agradeço antes de mais a sua breve explicação, que é muito útil e explicativa.
Antes Diana, devemos "querer" curar a mente, alguns ensinamentos de Lao Tsé Ching devem ser olhados com sabedoria
ExcluirFui aluno em 1982 do Mestre Michael (R Jurubatuba em SBC) de Kung Fú, onde chegou uma hora que o Mestre Michael, disse a mim para procurar o Mestre Lope em Sto André, pois seria para mim melhor. Fui, no entanto era distante e desisti. O ano passado retornei com Mestre Marcos no Rudge, porém ficou caro, mas irei continuar em Sto André na Praça Celso Daniel e com a intenção de instruir pessoas em praças de São Bernardo do Campo na prática dessa linda arte.
ResponderExcluirExcelente conteúdo!!! Parabéns!!!!
ResponderExcluirMuito bom o conteúdo, gostei muito. Estou mim aprofundado no Tai chi
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