China
- O Império do Centro - Medicina Milenar
Acupuntura Chinesa –
Auriculoterapia – Chi Kung
Dietética Chinesa –
Fitoterapia Chinesa – Moxabustão
Ventosaterapia – O Tui Ná
– Tai Chi Chuan
Atualmente são oito
os principais métodos de tratamento da
Medicina Tradicional
Chinesa:
- Fitoterapia chinesa (fármacos)
- Acupuntura
- Tuina ou Tui Ná (massagem e osteopatia chinesa)
- Dietoterapia (terapia alimentar chinesa)
- Auriculoterapia (tratamento pela orelha)
- Moxabustão
- Ventosaterapia
- Práticas físicas (exercícios integrados de respiração e circulação
de energia, e meditação como: Chi
Kung, o Tai Chi Chuan e
algumas artes marciais) consideradas métodos profiláticos para a
manutenção da saúde ou formas de intervenção para recuperá-la.
Medicina Tradicional Chinesa
(ou Zhõngyí
xué)
A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) é uma forma de
tratamento do “ser” como um todo. Utiliza-se de técnicas diagnósticas que
apesar de serem antigas dão um panorama real e preciso do estado energético do
paciente.
A sua história se perde no tempo, sendo necessário se utilizar muitas
vezes da arqueologia para “redescobrir” os escritos históricos. Os mais antigos
encontrados são de acordo com Wen (2001), os escritos da era do Imperador
Amarelo (2704-2100 a.C.).
Pelos escritos preservados em cascos de tartaruga, chega-se a conclusão
de que, nessa época, a Acupuntura não só já possuía suas bases como apresentava
também certo nível de desenvolvimento.
Porém a MTC não se utiliza apenas da acupuntura para
diagnostico e tratamento das alterações energéticas, são diversas técnicas
como: moxabustão, massagens, exercícios, acupuntura, fitoterapia, dietoterapia
entre outras. Todas têm como finalidade não deixar o Chi se estagnar, o que
pode levar a alterações na matéria, ou mesmo tratar as alterações energéticas,
restaurando a saúde integral.
A MTC, ao inverso da medicina ocidental, ignora a
estrutura anatômica, a causalidade, e a dicotomia corpo-mente (AUTEROCHE, B.et
al, 1987).
A MTC propõe-se a compreender, combater e interromper o
processo de adoecimento, impedindo que ele progrida e eventualmente venha a
agredir a matéria. A doença, salvo em situações de acidentes, ocorre como um
longo processo, e a primeira coisa que adoece é a energia. Se nada for feito, o
problema caminha para alterações funcionais e, por ultimo, passa a agredir a
matéria (PERINI, Mauro, 2003).
Segundo Perini (2003), na China antiga o médico era condecorado quando a
população da qual ele cuidava não adoecia; no Ocidente, o médico condecorado é
aquele que trata as doenças já instaladas.
A Medicina Tradicional
Chinesa (MTC) também conhecida como medicina chinesa (em chinês:
Zhõngyí xué, ou Zhõngao xué),
é a denominação usualmente dada ao conjunto de práticas de Medicina Tradicional
em uso na China, desenvolvidas ao longo dos milhares de anos da sua história.
A Medicina Chinesa,
como já vimos, originou-se ao longo do Rio Amarelo, tendo formado a sua
estrutura académica há muito tempo. Ao longo dos séculos, passou por muitas
inovações em diferentes dinastias, tendo formado muitos médicos famosos e
diferentes escolas. É considerada uma das mais antigas formas de Medicina
Oriental, termo que engloba também as outras medicinas da Ásia, tais como os
sistemas médicos tradicionais do Japão, Coreia, do Tibete, da Mongólia e da
Índia.
A Medicina Tradicional
Chinesa (MTC) fundamenta-se numa estrutura teórica sistemática e
abrangente, de natureza filosófica. Tendo como base o reconhecimento das leis
fundamentais que governam o funcionamento do organismo humano, e sua interação
com o ambiente segundo os ciclos da natureza, procura aplicar esta abordagem
tanto ao tratamento das doenças quanto á manutenção da saúde através de
diversos métodos.
Inscrições em ossos
e carapaças de tartarugas das dinastias Yin e Shang,
há 3.000 anos evidenciam registros medicinais, sanitários e uma dezena de
doenças. Segundo registros da dinastia Zhou existiam métodos de diagnósticos
tais como: a observação facial, a audição da voz, questionamento sobre
eventuais sintomas, tomada dos pulsos para observação dos Zang-fu (órgãos e vísceras), assim como indicações para tratamentos
terapêuticos como a acupunctura ou cirurgias. Já por essas épocas incluía nos
seus princípios o estudo do Yin-Yang, a teoria dos
cinco elementos e do sistema de circulação da energia pelos Meridianos do corpo
humano, princípios esses que foram refinados através dos
séculos seguintes. Nas dinastias Qin e Han haviam sido publicadas obras como “Cânone da Medicina
Interna do Imperador Amarelo”
(Huangdineijing) considerada atualmente como a obra de referência da medicina
chinesa.
Existem muitas
obras médicas clássicas famosas que nos chegaram do passado: “Cânone sobre Doenças
Complicadas”, “Sobre diversas doenças e a febre Tifóide”, “Sobre a Patologia de Distintas Doenças”, etc. O “código das Fontes Medicinas do Agricultor Divino” é a mais famosa e antiga obra sobre fármacos na
China. Uma delas destaca-se pela sua importância o “Compêndio das Fontes Medicinais”, em 30 volumes escrita por Li Shizhen, da
dinastia Ming, é a mais importante na história da China, e obra de referência a
nível mundial na área da fitoterapia.
A acupuntura conhece reformas importantes na dinastia Song (960
a.C – 1279 a.C) impulsionadas principalmente pelo médico Wang Weiyi que publicou “Acupunctura e os pontos do Corpo Humano”. Moldando duas estátuas em bronze do corpo humano
a fim de ensinar aos seus alunos as técnicas da acupuntura, acelerando assim o seu desenvolvimento. No século XX, Mao Tze Tung, oficializou o ensino da
Medicina Chinesa a nível universitário e a sua divulgação por toda a china,
criando-se muitas universidades e hospitais para a prática da medicina chinesa,
considerada na altura um recurso valioso e acessível para a saúde pública.
BASES DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA
YIN E YANG
Yin e Yang são
os nomes escolhidos para representar o que os antigos chineses observavam
acontecer o tempo todo, em tudo que tem vida. Eles foram vendo que a vida
depende da presença da energia e que esta se comporta de formas diferentes, tem
expressões opostas. A energia pode ser serena, quieta, escura como a noite. Mas
depois, bem devagar, a luz surge e vai aquecendo, clareando, gerando movimentos
nos bichos, nos vegetais, em nós que acordamos para trabalhar. Essa luz que é o
Sol, continua subindo no céu e aquecendo cada vez mais. Até que chega ao seu
apogeu ao meio-dia e começa o caminho inverso , trazendo de volta a quietude da
escuridão. A natureza se aquieta e nós vamos dormir, para que tudo recomece no
dia seguinte (PINHEIRO, Ana, 2005).
Os caracteres
chineses para Yin e Yang são relacionados ao lado escuro e ensolarado de uma
colina. Assim o caractere Yin indica o lado ensombrado de uma colina, enquanto
o caractere Yang indica o lado ensolarado. Por conseguinte, eles também indicam
escuridão e luminosidade ou sombreado e brilhante (MACIOCIA, Giovanni, 1996.).
Yin e yang são
forças opostas de um ciclo, porém, são dependentes um do outro, um não pode
existir sem o outro. Para classificarmos qualquer coisa como sendo Yin ou Yang
devemos estabelecer uma comparação entre elas, pois a posição de Yin ou Yang
não é absoluta e sim relativa.
CINCO ELEMENTOS
Baseados na
observação da natureza os chineses passaram a buscar uma explicação filosófica
para as doenças, deixando para traz os antigos dogmas sobrenaturais, e
agrupando determinadas doenças com padrões parecidos em grupos, criando uma
metodologia ao diagnosticar e tratar as patologias.
Um dos escritos
mais antigos sobre
Cinco Elementos data de 1000 –
771 A.C, escrito por Shang Shu dizia:
“Os Cinco Elementos são Água, Fogo, Madeira, Metal e Terra. A Água umedece em
descendência, o Fogo chameja em ascendência, a Madeira pode ser dobrada e
esticada, o Metal pode ser moldado e endurecido, a Terra permite a
disseminação, o crescimento e a colheita.
Esta afirmação
mostra claramente que os Cinco elementos simbolizam cinco qualidades inerentes
diversas e expressam o fenômeno natural (MACIOCIA, Giovanni, 1996.).
Os nomes não
foram escolhidos ao acaso, representam uma série de associações da evolução
natural. Um exemplo seria imaginar que o meio-dia relaciona-se com o elemento
Fogo, ou simbolicamente, o Sol, de onde veio o planeta Terra (Elemento Terra).
Com o resfriamento, aparecem os primeiros minerais (Elemento Metal), e em
seguida com mais resfriamento, a água se precipita formando os oceanos
(Elemento Água). Nos oceanos, os minerais, sob a ação do sol se combinam em
moléculas complexas e aparece a vida (Elemento Madeira). A vida é capaz de
produzir energia e calor e então se fecha o ciclo (voltando ao Elemento Fogo)
(PINHEIRO, Ana, 2005).
Levando-se em
consideração os elementos faz-se necessário saber que estes não estão ao acaso,
eles possuem ciclos. Estes ciclos propiciam a evolução do ser (independente se
animal, humano, ou vegetal):
Sequência de Geração:
Nesta sequência cada elemento gera outro, sendo ao mesmo tempo gerado. Assim a
Madeira gera Fogo, o Fogo gera Terra, a Terra gera o Metal, o Metal gera a
Água, e a Água gera a Madeira (MACIOCIA, Giovanni, 1996.).
Se tomarmos como
exemplo Metal podemos notar que este é gerado por Terra e por sua vez gera
Água, ou seja, Metal é filho de Terra, e mãe de Água.
Sequência de Controle:
Nesta sequência cada elemento controla o outro ao mesmo tempo em que é
controlado. Segundo Perini (2003) sempre existe o que faz crescer e o que faz
parar de crescer. Se somente existisse a geração, nós iríamos crescer sem
parar.
Madeira controla
Terra, Terra controla Água, Água controla Fogo, Fogo controla Metal, e Metal
controla Madeira.
Se tomarmos como
exemplo Metal podemos notar que este é controlado por Fogo, e controla Madeira.
Logo Fogo é avô de Metal, e Metal é avô de Madeira.
Sequência de Contra Dominância: Contra dominância se demonstra quando um elemento
está controlando o outro excessivamente e em sentido oposto ao ciclo de
dominância. Assim a Madeira lesa o Metal, o Metal lesa o Fogo, o Fogo lesa
Água, a Água lesa a Terra, e Terra lesa a Madeira.
Desta forma as
duas primeiras sequências demonstram o equilíbrio normal entre os elementos,
enquanto a ultima demonstra o relacionamento anormal entre os elementos e
ocorrem quando o equilíbrio é quebrado.
CARACTERISTICAS DOS ELEMENTOS
• Elemento Madeira
É o
ressurgimento do Yang, o aparecimento da vida na Terra. Sua principal
característica é de iniciar a ação, dar vida e movimento às coisas. A Madeira
relaciona-se com o fígado, é responsável pelo livre fluxo da energia no
organismo e relaciona-se também com os músculos e tendões no que se refere ao
movimento (PINHEIRO, Ana, 2005).
Este é o setor
onde a energia vital sobe, cresce, ocupa espaço, procura abrir caminho para
obter um lugar ao sol – exatamente como uma árvore que brota na primavera
(HIRSCH, Sonia, s.d.).
A raiva é a emoção que
causa agitação psicomotora e a que melhor se identifica com Madeira. Na
natureza, o vento é a força que dá movimento às coisas. O verde é a cor
associada ao vegetal (Madeira) e o acido, o sabor que pode favorecer o
movimento através de contrações sutis. A Primavera representa o renascimento da
vida, o crescente calor yang rumo ao verão (PINHEIRO, Ana, 2005).
• Elemento Fogo
É o yang em sua
plenitude. Movimento de expansão que se relaciona com os vasos, e que permite a
expansão do sangue e do calor pelo corpo, impulsionados pelo órgão Fogo que é o
coração. A emoção que leva o caráter expansivo é a alegria. O sabor gerado por Fogo é o amargo que queima. A
estação é o Verão, apogeu do calor, e a cor consiste no vermelho, que
representa as chamas e também nosso rubor quando ficamos “quentes” (PINHEIRO,
Ana, 2005).
• Elemento Terra
Simboliza a
transformação, relacionando-se com a digestão, com o pensamento e a meditação,
e com o intelecto. Terra sustenta e delimita os espaços na natureza, sendo
associada ao tecido conjuntivo. A umidade é a força da natureza relacionada,
pois só a Terra é úmida e fértil. A canícula é a estação relacionada e sua cor
é o amarelo (PINHEIRO, Ana, 2005).
Em nós Terra é o
centro do corpo: timo, estômago, pâncreas, baço, umbigo. É o centro da
atividade mental: ideias, opiniões, capacidade de reflexão. É o centro do
espaço que nos envolve: carne que reveste nossos ossos e músculos, que nos dá
uma aparência e uma identidade corporal. Terra em harmonia faz a pessoa ficar
em paz consigo mesma e sentir-se em sua casa onde quer que esteja, por que na
verdade está sempre dentro de sua própria casa/corpo/mente (HIRSCH, Sonia,
s.d.).
O sabor doce
está relacionado à Terra.
• Elemento Metal
Simboliza a
diminuição do yang com o crescimento do yin. Pode ser interpretado como o
resfriamento, o encolhimento, o movimento para baixo, e a tomada de forma. A
emoção relacionada é a tristeza, que causa tendência psíquica introspectiva. A
força da natureza que se identifica com Metal é a Secura. Quando a roupa seca
encolhe; alimentos desidratados encolhem. A pele que dá forma ao corpo é o
tecido relacionado. O branco representa o que foi processado, purificado, e o
Outono, a estação de preparação para o recolhimento, onde as folhas secam, caem
e a colheita é feita (PINHEIRO, Ana, 2005).
Sabores picantes
estão relacionados ao elemento Metal.
• Elemento Água
Extremo do yin,
que leva a imobilidade. Movimento para baixo, inércia, perda de forma. O rim
produz liquido ininterruptamente e o descende até ser armazenado na bexiga. A
ideia de inércia se relaciona com o medo, a emoção que leva a paralisação, e como frio que
diminui o movimento da natureza. Os ossos por serem completamente inertes, são
relacionados com esse elemento. Uma das características do yin é moldar-se e
ser maleável. A Água é o extremo do yin e relaciona-se com tecidos muito
delicados como a medula óssea, o cérebro e a medula espinhal. O salgado é o
sabor pressente nas águas do mar, e o preto é a cor do escuro, da noite, do
fundo do mar, e o Inverno é a estação mais yin (PINHEIRO, Ana, 2005).
Tabela: Características de cada elemento adaptado
de PINHEIRO, Ana; HIRSCH, Sonia.
O Diagnóstico na
Medicina Tradicional
Chinesa (MTC) é a herança deixada pelos antigos médicos
chineses, que através dos tempos foram melhorando a anamnése (rememoração), ultrapassando algumas dificuldades e
legando o seu saber ás gerações vindouras. O diagnóstico da Medicina Chinesa,
embora aparentemente simples, é muito eficaz – as observações a serem feitas
incluem observar, ouvir, cheirar, perguntar e tocar, destacam-se no diagnóstico
a observação da língua e o exame do pulso, prática esta que demoram alguns anos
a ser completamente dominado pelo especialista em MTC mas que fornecem
informações preciosas e exactas sobre a condição de saúde do paciente.
A Medicina Chinesa, que se conhece bastante mal no Ocidente, salvo o
aspecto muito limitado da Acupuntura,
merece um lugar muito particular dentro do leque amplo e diverso das medicinas
alternativas. Vejamos porquê: É a única medicina que tem uma existência
contínua, quanto aos seus fundamentos desde há mais de 2000 anos, é reconhecida
pelo estado Chinês em igualdade com a prática da Medicina Moderna. É
reconhecida pela OMS da ONU características que não reparte com nenhum outro
sistema médico ao permitir-se estar dentro das concepções filosóficas e
energéticas que lhe deram sustentação através dos tempos e integrar os métodos
de validação da ciência Moderna.
Algumas Medicinas Orientais
tais como a medicina Tibetana ou Ayurvédica,
têm uma origem muito antiga, e o seu interesse é indiscutível mas são
praticadas em pequena escala quase nunca em meio hospitalar e são raras as
validações internas nos países de origem. Pelo contrário a MTC, ainda que sendo tão antiga e tradicional como
elas, evoluiu para se adaptar ás necessidades do mundo moderno. É praticada em
hospitais especializados ou mistos que contam paralelamente com todos os
serviços que se pode encontrar num hospital Europeu. Existem unidades de
investigação científica que permitem experimentá-la e validá-la. Assim, por
exemplo, nas Universidades Estatais de Medicina Chinesa, ensinam-se aos futuros
médicos teorias e métodos fundamentais dos textos milenares, paralelamente as
técnicas de investigação ou de cuidados clínicos procedente á medicina moderna.
Esta abordagem prática do ensino médico, é um dos aspectos que contribuem no
interesse, a originalidade do carácter perene da Medicina Chinesa.
Por outro lado,
a Medicina Chinesa tem um campo de aplicação muito amplo, porque
pratica-se há muitos séculos no maior país do mundo em termo demográfico. Isto
confere-lhe uma experiência única, primeiro, empírica e depois científica.
Finalmente, a Medicina
Chinesa é um sistema completo e não uma simples técnica
médica de aplicações limitadas, pois o campo
da Medicina Chinesa é extremamente amplo: da farmacopeia á acupuntura,
da dietética á cirurgia popular, das massagens á ginecologia, da medicina
interna aos métodos de reanimação. De fato encontram-se praticamente as mesmas
especialidades que na Medicina Ocidental, não obstante, numa compartimentação
menos restrita e limitante devido á sua abordagem mais global da enfermidade e
das suas causas. Isto permite afirmar que a Medicina Chinesa,
como a Medicina Ocidental, possui uma experiência de um estatuto oficial, e ao
mesmo tempo, uma abordagem mais humanista e mais global do ser humano, da saúde
e da enfermidade.
Para conhecer
cada uma dos ramos da Medicina Tradicional Chinêsa, siga estes links abaixo.
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