TEXTO
INÉDITO SOBRE I CHING
(Em
29 de Novembro de 2007)
Escrito pelo filho (Wu
Jyh Cherng) do introdutor do Tai-Chi no Rio de Janeiro, RJ – Brasil, o chinês Wu Chao-Hsing.
O I Ching
é a matriz da civilização chinesa, raiz do taoísmo e do confucionismo. No
ocidente, é conhecido enquanto oráculo e tratado de filosófico. Mas o Tratado
das Mutações, como também é chamado, é a base de um vasto conhecimento que
inclui matemática, alquimia, ciência, artes, medicina, meditação e cosmogonia.
Entrevista a Oscar Maron,
jornalista, professor e consultor de I Ching
Após lançar seu novo livro “I Ching, A Alquimia dos Números”, Mestre Wu Jyh Cherng fala sobre a real
compreensão dos conceitos e conhecimentos do I Ching
e questiona a mais popular tradução desse tratado no ocidente: “Richard Wilhelm
errou!”
Como
se iniciaram seus estudos de I Ching?
Cherng – Sempre ouvi meu pai (Dr. Wu Chao-Hsing, introdutor do
Tai-Chi no Brasil) falar sobre a importância do I Ching: contém todos os
segredos do taoísmo. Depois, quando eu comecei os estudos taoístas,
especialmente meditação e práticas espirituais, verifiquei que os textos
clássicos do taoísmo citam teorias, termos e conceitos do I Ching, como base de
desenvolvimento. Assim o estudo do I Ching tornou-se inevitável e obrigatório.
Logo o próprio oráculo, filosofia e matemática passaram a me interessar.
Comecei a me aprofundar de forma auto-didata, depois fiz um curso em Taiwan, na
Sociedade Chinesa de I Ching, ministrado pelo Presidente Li Kai Hsuang, adquiri
muitas preciosas informações com meu mestre, Ma Ho Yang e depois o estudo
passou a ser pessoal.
Através do I Ching podemos alcançar a “visão antecipada” dos
sábios taoístas?
Cherng – Enxergar mais
longe, mais amplamente, acontece de duas formas. A primeira é a vivencia da
própria filosofia do I Ching. A compreensão profunda desta leitura e
incorporação do aprendizado na vida faz com que a pessoa chegue ao ponto em que
o ensinamento está tão assimilado que, diante de qualquer acontecimento, ela
consegue encontrar dentro de si uma resposta direta. Nesse momento, o I Ching
funciona na sua essência: a pessoa enxerga com a sabedoria do próprio oráculo.
Mas essa sabedoria só é adquirida através de longo período de assimilação do
ensinamento.
Caso não haja esse estudo, então você tem a segunda ferramenta,
que é a própria consulta oracular. Somos a favor da incorporação do oráculo na
vida cotidiana: a resposta contém uma análise muito clara da medida a ser
tomada e possíveis acontecimentos, o que ajuda na assimilação de tudo que havia
sido estudado teoricamente sobre I Ching. A incorporação do ensinamento puro
através da consulta oracular faz com que você absorva a teoria dentro de você.
Muitas vezes uma pessoa lê um I Ching com textos filosóficos e espirituais, mas
não consegue incorporar este ensinamento no dia-a-dia porque não sabe como.
Sabendo usar o I Ching, você recorre à consulta oracular a cada acontecimento
que não pode ser resolvido com a lógica e bom senso. E, depois de repetidos
exercícios e pratica oracular, é possível chegar ao ponto em que você nem
precisa mais consultar: basta olhar para uma situação que a resposta já vem
espontaneamente porque todo ensinamento já foi incorporado. Portanto, o oráculo
não somente serve para responder e resolver uma situação do momento, como serve
também de mecanismo de incorporação da sabedoria.
No Ocidente, muitas pessoas acham que o I Ching, como conjunto
de conhecimento, se resume ao livro clássico “I Ching”?
Cherng – O I Ching é um
complexo de conhecimentos, oferece tantas possibilidades de estudo como a
física, química ou matemática. I Ching também é um vasto campo, um conjunto de
estudos: inclui o clássico livro Chou I, que são escritos do Rei Wen, Duque de
Chou e Confúcio, alem de grande quantidade de conhecimentos nas áreas
astronômica, astrológica, ambiental, matemática, métodos de consulta, análise
do Céu, estudos dos fenômenos, etc. E o livro conhecido no Ocidente é, na
verdade, apenas uma versão de uma parte do I Ching. Embora importante, tem um
enfoque mais social.
O I Ching é uma tradição, um ensinamento, um conjunto de
conhecimentos. É como se existisse a matemática e um livro chamado “A
Matemática”. O livro e a matemática em si não podem ser confundidos. O livro
faz parte do universo da matemática, que inclui outras obras, é claro. Assim,
existe o I Ching, e o livro “I Ching”. O livro faz parte do vasto conhecimento
do I Ching.
Confúcio, embora um grande filósofo e educador, nunca deixou de
estudar, sempre teve a humildade de aprender e sempre considerou o I Ching (não
apenas o livro, do qual ele foi um dos autores) como um conjunto de
ensinamentos. Diante da dimensão do I Ching, um oceano de conhecimentos, ele
lamentava não ter mais tempo para ir fundo no resto de seus ensinamentos.
O I Ching, como conhecimentos macro, é taoísta. Mas, por ter a
participação de Confúcio, é também visto como uma obra confucionista – essa
distinção é papo acadêmico. Na tradição taoísta nada se cria, tudo se revela.
Não existem grandes criadores de ensinamentos, existem sim as grandes
revelações relacionadas com o passado infinito. O I Ching é uma grande
revelação. Nada se cria, tudo se revela. O princípio do Universo está diante de
nossos olhos, mas é preciso ter a capacidade de enxergar. Ao enxergar, não o
inventamos, ele sempre esteve lá.
Por que há uma diferença radical entre o método de consulta
oracular do I Ching aceito e divulgado no Ocidente, que é o método do livro do
Richard Wilhelm, e o método ensinado no seu livro?
Cherng – Richard Wilhelm possui um grande mérito: foi pioneiro
ao popularizar o I Ching no Ocidente no século XX; esse mérito ninguém pode
tirar. Mas Wilhelm era um missionário ocidental na China numa época conturbada
– havia uma guerra com o Ocidente. Diversos países da Europa Ocidental já haviam
invadido e saqueado a China: Holanda, Inglaterra, França, Alemanha, Bélgica,
além de EUA e Rússia. O ocidental era chamado de demônio ultra-mar. Isso não
favoreceu a aproximação dele à essência da cultura chinesa, principalmente aos
segredos do oráculo. De qualquer forma ele utilizou sua influência junto ao
governo chinês e conseguiu uma indicação para estudar com um mestre de I Ching.
Só que a história real é diferente daquela que ele conta. O tal
mestre, citado por Wilhelm como importantíssimo na época, para os estudiosos da
arte taoísta e do I Ching, é desconhecido e ninguém sabe quem era. Não há
referências a ele, além daquelas feitas por Wilhelm. Esse mestre o ajudou na
compreensão da parte filosófica do I Ching, mas não passou a essência do oráculo.
Sem tirar o mérito do trabalho, a verdade é que ele não teve acesso a todos os
ensinamentos.
Também não era um bom tradutor do chinês. Os tradutores
contemporâneos – americanos, britânicos, franceses – são melhores porque hoje o
ocidental é bem-vindo, a China não tem mais ódio do Ocidente, existem menos
barreiras culturais e o domínio da língua, dos dois lados, é melhor. Em
conseqüência disso, as traduções contemporâneas são mais precisas, tanto no
aspecto cultural e teor informativo como no uso da própria linguagem.
O trabalho do Wilhelm foi pioneiro, mas arcaico. Thomas Cleary
(grande tradutor de clássicos taoístas e budistas), por exemplo, contestou a
tradução do “Segredo da Flor de Ouro” do próprio Wilhelm. Retraduziu esse texto
e ironicamente falou que Carl G. Jung (que comentou o texto traduzido por
Wilhelm) desenvolveu parte do seu estudo de psicologia baseado no Wilhelm e, se
Jung tivesse acesso à tradução correta do “Segredo da Flor de Ouro”,
provavelmente vários conceitos que desenvolveu teriam sido diferentes.
Indiretamente ele falou que o Dr. Jung desenvolveu uma teoria em cima do erro
de tradução.
Os seguidores de Wilhelm o idolatram, mas ele era um tradutor
mediano. Hoje na China existem jovens ocidentais com 15, 17 anos falando chinês
fluentemente, que em breve estarão na área acadêmica com muita força. Wilhelm
viveu numa época difícil.
Por que o mestre dele passou um método de interpretação oracular
errado? O Wilhelm recomenda que um hexagrama com apenas uma linha móvel se
transforme em outro, levando o leitor a ler a linha e mais o julgamento do
primeiro e do segundo hexagrama – método que traz informações contraditórias,
deturpa a resposta e leva ao engano.
Cherng – Esse mestre não
passou a chave de interpretação. O mestre deve ter lido para ele o texto
clássico e Wilhelm supôs o resto. O texto do I Ching é hermético, arcaico e
erudito. Se você não teve acesso aos ensinamentos corretos, vai interpretar
errado. Wilhelm errou! Não é uma versão diferente, foi ele quem traduziu
errado. O chinês dele não era bom. É difícil admitir que centenas de milhares
de pessoas passaram a vida estudando o texto errado. Não é um conceito
diferente, é simplesmente erro de tradução. É duro de engolir esse fato, mas é
pura verdade: basta ter acesso ao texto clássico e original e perceber a
diferença. É melhor admitir isso e mudar de atitude perante o trabalho dele do
que desenvolver uma tese, uma teoria, em cima dos erros do tradutor.
Esse livro com os fundamentos, história e origem do I Ching
lançado agora vai ser complementado por um novo livro, em finalização, com a
descrição minuciosa de cada um dos hexagramas e linhas. Por que você decidiu
escrever esta nova tradução do texto clássico do I Ching?
Cherng - Fiquei insatisfeito com os livros disponíveis no
mercado e decidi fazer minha própria tradução do texto clássico. O problema com
as traduções mais antigas é uma clara opção pela interpretação. Os versos
originais permitem interpretações em diferentes níveis, com muitos
significados. Optar por uma linha interpretativa já na tradução significa
sufocar ou eliminar outras possibilidades. Isso torna a tradução tendenciosa e
incompleta. Achei que a tradução deveria ser mais próxima das palavras
originais, mesmo que o significado não fique tão claro e explícito. Acrescentei
explicações sobre as diferentes possibilidades de interpretação, o que permite
ao estudante uma visão mais completa.
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Referência:
http://www.taoismo.org.br/stb/modules/dokuwiki/doku.php?id=i_ching_como_ele_e
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Boa tarde, eu sou um modesto estudante do Eki Kiô, ou I ching, Eu aprendi com o professor Abrão Riosaku Fujita, eu aprendi como mantra 64 sons e 8 hexagramas basicos mantras.KIEN, DA, LIN, SIN, SON, KAN, GON, KON. Relxamento da mente e os 64 hexagramas, mantras relaxantes.KIEN, KON, TCHUN, MOU, JU, SHÔ,SI,PI, SIOTIKU,LU ETC.....Gostaria muito de estudar com o senhor mestre wu jyh cheng. Evandro Leão ls.evandro@hotmail.com
ResponderExcluirBoa tarde, eu sou um modesto estudante do Eki Kiô, ou I ching, Eu aprendi com o professor Abrão Riosaku Fujita, eu aprendi como mantra 64 sons e 8 hexagramas basicos mantras.KIEN, DA, LIN, SIN, SON, KAN, GON, KON. Relxamento da mente e os 64 hexagramas, mantras relaxantes.KIEN, KON, TCHUN, MOU, JU, SHÔ,SI,PI, SIOTIKU,LU ETC.....Gostaria muito de estudar com o senhor mestre wu jyh cheng. Evandro Leão ls.evandro@hotmail.com
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