CONFÚNCIO
(ou Kung-Fu-Tzu)
“Quem
reconhece a sua ignorância, começa a ser sábio”.
Confúncio
CONFÚCIO é o mais famoso filósofo chinês.
Fundou uma escola filosófica, que alguns entendem como sendo uma
religião e, outros, como doutrina filosófica.
O Confucionismo se resume em seis princípios
básicos, que podem ser indicados pelas palavras:
1.
JEN
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(humanitarismo, cortesia, bondade, benevolência);
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2.
CHUN-TZU
|
(o homem para ser perfeito deve ter humildade, magnanimidade,
sinceridade, diligência e amabilidade);
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3.
CHENG-MING
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(cada ser humano deveria ser designado conforme seu papel na
sociedade);
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4.
TE
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(poder, austeridade);
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5.
LI
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(padrão de conduta exemplar, propriedade, reverência);
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6.
WEN
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(artes nobres, que inclui música, poesia e a arte em geral).
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Segundo a doutrina de Confúcio, o ser humano é composto por quatro dimensões: O Eu, a Comunidade, a Natureza, e o Céu (fonte de
auto-realização definitiva).
Confúcio é latinização do verdadeiro nome do sábio, Kung-Fu-Tzu, que
significa "venerável mestre kung". Nasceu em Tsou, cidade no estado de Lu,
hoje província de Shantung, e faleceu aos 72 anos em 479 a.C.
Aos 15 anos, era considerado erudito na arqueologia, história,
liturgia e música, sendo exímio tocador de alaúde, e adepto dos esportes
radicais da época: cavalgar, arco e flecha, caçar e pescar.
Diferente de seu quase contemporâneo Sócrates, e mais tarde de
Jesus, que entraram em conflito com o status
quo dominante, Confúcio foi mais sábio, ou teve sorte de encontrar o caminho
preparado.
Temendo que seus ensinamentos se perdessem não beneficiando as
futuras gerações, desenvolveu um
mecanismo para aplicar suas idéias na educação para uma sociedade justa, e na filosofia
baseada na ética e no humanismo: Ensino
aberto a todos, sem diferenciação de origem social. As aulas eram a céu aberto
e seu método considerava as aptidões da cada discípulo (dignidade da pessoa
humana, valorização do indivíduo e livre arbítrio).
Na escola que fundou,
ensinou seu código de conduta aos futuros governantes. Moldou o modo de
vida oriental, assegurando a reforma política baseada
na moral e na ética, única maneira de instaurar
a ordem e a justiça. Esse código de
conduta para quem exerce o poder, com regras e normas que originaram o
confucionismo - misto de religião, código de ética, pitadas de ritual social e
filosofia política - desenvolve uma de suas teorias mais importantes e ainda
presentes na tradição política orientais:
"Um governo é feito de homens e não de leis." A força
de suas idéias influenciou os clássicos do iluminismo ocidental. Confúcio passou quase a vida inteira
lecionando, disseminando a cultura e a educação fora dos círculos nobres e
aristocráticos, que até então mantinham monopólio sobre o saber.
A essência do pensamento de Confúcio é o ren, que pode ser
traduzido como "benevolência"
ou "humanismo".
Aos discípulos respondia: "A principal virtude está em amar aos
homens".
O confucionismo é considerado um grupo de regras que tratam como
viver no âmbito social, regras de comportamento em sociedade, de ética e de
política. Segundo o confucionismo é possível viver em harmonia em qualquer
lugar,
desde que o acesso á educação seja garantido. Isso é ética.
Depois da morte os discípulos fundaram oito escolas confucianas
empenhadas difundir o conhecimento, e as afirmações, diálogos e anedotas foram
compilados no livro Analectos.
Em 213 a.C, o imperador Shi
Huang di - que construiu os famosos guerreiros de terracota - ordenou a
incineração dos livros para impor subordinação á sua autoridade. Com a queda da
dinastia Qin (221-207a.C), o
confucionismo renasceu na poderosa dinastia Han
(206 a.C-220 d.C) que levou as teorias confucionistas além das fronteiras,
dentre outros, ao Vietnã, Coréia e Japão, que incorporaram a honra e lealdade
nas relações sociais e familiares ao Budô e demais metafilosofias-Zen.
Ao assumir o governo em 1949 o Partido Comunista de Mao Tsé-Tung proibiu o confucionismo
culpando sua tradição de impedir a “renovação da vida chinesa”. Pode ser
imputado ao confucionismo a “culpa” de estabelecer, na China, um clima político
tão impregnado de ética que seus governantes, no Séc.XIX, não souberam lidar
com a hipocrisia e falta de ética na disseminação das drogas.
Anos depois, voltaram atrás fazendo as pazes com a doutrina do maior pensador oriental, e talvez o mais importante da civilização. Jesus conheceu os
essênios, e sua doutrina foi alimentada por princípios mais amplos. A idéia
cristã foi pressentida séculos antes tendo por principais precursores Sócrates
e Platão no Ocidente, e Confúcio no Oriente, quando as condições tecnológicas permitiam alimentar,
com relativa segurança, toda população,
propiciando a superação, através da ética, dos atavismos irracionais do
instinto de sobrevivência. Sócrates, como o Cristo, nada escreveu, ou, pelo
menos, nenhum escrito foi encontrado. Os
pontos de maior relevo conformam os princípios do Cristianismo.
Confúncio
e seus discípulos
A idéia subjacente a todo o conjunto é a de mutação. Nos Analetos
diz-se que Confúcio, diante de um rio, disse: "Tudo segue, fluindo, como esse rio, sem
cessar, dia e noite". Isso exprime a idéia de mutação. Aquele que
percebe o significado da mutação, fixa sua atenção não mais sobre os entes
transitórios e individuais, mas sobre a imutável e eterna lei que atua em toda
mutação. Essa lei é o Tao de
Lao-Tse, o curso das coisas, o princípio Uno no interior do múltiplo.
Para que possa tornar-se manifesto é necessário uma decisão, um postulado. Esse
postulado fundamental é o '"Grande princípio primordial" de tudo que
existe, "T'ai
chi" — que no sentido original significa "viga mestra".
Essa idéia de um princípio primordial foi tema de muitas reflexões por parte
dos filósofos chineses posteriores. Wu Chi, um princípio ainda anterior a t'ai chi,
era simbolizado por um círculo. Segundo essa concepção, t'ai chi era representado
por um círculo dividido em luz e escuridão, yang e yin: k. Esse símbolo também
teve um papel importante na índia e na Europa. No entanto, especulações dualistas
de caráter gnóstico são estranhas ao pensamento do I Ching
em sua origem.
Ele
afirma apenas a viga mestra, a linha. Com essa linha, que em si mesma
representa a unidade,
a dualidade surge no mundo, pois a linha determina, ao mesmo tempo, o acima e o
abaixo, a direita e a esquerda, adiante e atrás - em suma, o mundo dos opostos.
E o segundo tema fundamental no Livro das Mutações é sua teoria das idéias.
Os oito trigramas não são tanto imagens de objetos, mas de estados de mutação.
Essa concepção está associada ao conceito expresso nos ensinamentos de Lao-Tse
e Confúcio de que todo acontecimento no mundo
visível é um efeito de uma "imagem",
isto é, de uma idéia num mundo invisível. Desse modo, tudo o que ocorre na
terra é apenas uma reprodução, por assim dizer, de um acontecimento num mundo
situado além de nossas percepções sensoriais; quanto à sua ocorrência no tempo,
é sempre posterior ao evento supra-sensível. Os homens santos e
sábios, estando em contato com aquelas esferas mais elevadas, têm
acesso a essas idéias através de uma intuição direta, e, assim, podem intervir de
maneira decisiva nos acontecimentos no mundo. Desse modo, o homem está ligado
ao céu, o mundo supra-sensível das idéias, e à terra, o mundo material das
coisas visíveis, formando com eles a tríade dos poderes primordiais.
Essa teoria das idéias aplica-se em dois sentidos. O Livro das
Mutações mostra as imagens dos acontecimentos como também o vir a ser das
situações in statu nascendi.
Assim, discernindo, graças à sua ajuda, as sementes do porvir, o
homem pode prever o futuro do mesmo modo que compreender o passado. Dessa
forma, as imagens em que os hexagramas se fundamentam servem como modelos para
uma ação oportuna nas condições indicadas. Não só, com isso, torna-se possível
sua adaptação ao curso da natureza como, inclusive, no Grande Tratado (parte II, capítulo II) se procuram as origens de
todas as práticas e inventos da civilização nessas idéias e imagens
arquetípicas. Apesar da hipótese poder ou não ser aplicada a todas as
circunstâncias específicas, o conceito básico contém uma verdade.
O
Livro de Sabedoria
Confúcio
idoso
De importância muito maior que o uso oracular é o uso do Livro
das Mutações como Livro de Sabedoria. Lao-Tse
conheceu esse livro e alguns de seus mais profundos aforismos nele se
inspiraram. Confúcio também teve contato com o I
Ching, ao qual dedicou longa reflexão. Ele provavelmente redigiu
alguns dos comentários de interpretação encontrados no I
Ching, enquanto que outra parte desses comentários deve ter transmitido
a seus discípulos em aulas. Foi a versão
do Livro das Mutações editada e comentada por Confúcio
que chegou até o nosso tempo.
Procurando-se os conceitos básicos que permeiam o livro, pode-se
permanecer dentro dos limites de alguns poucos porém amplos conceitos.
A idéia subjacente a todo o conjunto é a de mutação. Nos Analetos
diz-se que Confúcio, diante de um rio, disse: "Tudo segue, fluindo, como esse rio, sem
cessar, dia e noite". Isso exprime a idéia de mutação. Aquele que
percebe o significado da mutação, fixa sua atenção não mais sobre os entes
transitórios e individuais, mas sobre a imutável e eterna lei que atua em toda
mutação. Essa lei é o Tao9 de Lao-Tse, o curso das coisas, o princípio Uno
no interior do múltiplo. Para que possa tornar-se manifesto é necessário uma
decisão, um postulado. Esse postulado fundamental é o '"Grande princípio
primordial" de tudo que existe, "t'ai chi" — que no sentido
original significa "viga mestra". Essa idéia de um princípio primordial
foi tema de muitas reflexões por parte dos filósofos chineses posteriores. Wu
Chi, um princípio ainda anterior a t'ai chi, era simbolizado por um círculo.
Segundo essa concepção, t'ai chi era representado por um círculo dividido em
luz e escuridão, yang e yin: k . Esse símbolo também teve um papel importante
na índia e na Europa. No entanto, especulações dualistas de caráter gnóstico
são estranhas ao pensamento do I Ching em sua origem.
Ele afirma apenas a
viga mestra, a linha. Com essa linha, que em si mesma representa a
unidade, a
dualidade surge no mundo, pois a linha determina, ao mesmo tempo, o acima e o
abaixo, a direita e a esquerda, adiante e atrás - em suma, o mundo dos opostos.
Esses opostos
tornaram-se conhecidos com os nomes de Yin e Yang, tendo causado grande
sensação em especial no período de transição entre as dinastias Ch'in e Han,
nos séculos que precederam a era cristã, quando havia toda uma escola de doutrina
do Yin e Yang. Nessa época, o Livro das Mutações era muito usado como um livro
de magia e as pessoas liam nos seus textos toda sorte de coisas misteriosas, as
quais, entretanto, eram inteiramente estranhas à sua origem. Essa doutrina do
Yin e Yang, do feminino e do masculino como princípios primordiais, atraiu, é
claro, muito interesse entre os estrangeiros estudiosos do pensamento chinês.
Seguindo uma tendência muito comum, alguns deles julgaram encontrar nessa
doutrina um simbolismo fálico, com todas as suas decorrências.
Dos
JULGAMENTOS
O terceiro elemento
fundamental ao Livro das Mutações são os julgamentos. Os julgamentos
como que vestem as imagens com palavras. Indicam se uma ação trará boa
fortuna ou
infortúnio, remorso ou humilhação. Os julgamentos possibilitam ao homem a
liberdade para
decidir desistir de um curso de ação, que é indicado pela situação do momento,
mas que seria prejudicial a longo prazo. Dessa forma ele se torna independente da
tirania dos acontecimentos. O Livro das Mutações, em seus julgamentos e nas interpretações
que o acompanham do tempo de Confúcio em diante, abre ao leitor o mais rico
tesouro da sabedoria chinesa. Ao mesmo tempo lhe oferece uma visão abrangente da
diversidade das experiências humanas habilitando-o, em virtude dessa
perspectiva, a estruturar sua vida segundo sua vontade soberana, de modo a
torná-la um todo orgânico, dirigindo-se assim à harmonia com o derradeiro Tao,
em que estão enraizados todos os seres.
A segunda parte do livro (Livros Segundo e Terceiro) procura
responder, na medida do possível, a essas perguntas. Visa a explicitar o
material do qual surge esse universo de idéias, apresentar o corpo ao qual esse
espírito está ligado. Então se poderá perceber como, de fato, existe um vínculo
secreto e que mesmo imagens aparentemente arbitrárias baseiam-se de algum modo
na estrutura dos hexagramas.
Basta, para isso, que se aprofunde o suficiente a sua
compreensão. Os comentários mais antigos que, em geral, associam interpretações
técnicas sobre as estruturas dos hexagramas com análises filosóficas, remontam
ao próprio Confúcio, ou pelo menos a seu círculo de discípulos. O seu conteúdo
filosófico já foi utilizado no Livro Primeiro. Aqui, esses comentários são
retomados junto com o texto, sem o qual seriam incompreensíveis, explorando-se
agora seu aspecto técnico. Isso é absolutamente indispensável para a plena
compreensão do Livro e nenhum comentário chinês prescinde desse aspecto
técnico. Pareceu-me, entretanto, indicado separá-lo do aspecto filosófico, para
não confundir demais o leitor ocidental com questões pouco habituais. Não
lamento as repetições inevitáveis que esse método impôs. O I
Ching é uma obra cuja maturidade é fruto de um crescimento orgânico realizado
durante milênios. E, por isso, um livro que para ser assimilado exige uma longa
reflexão e meditação. A medida que se realizem, essas aparentes repetições vêm
abrir novas perspectivas. O material apresentado nesta segunda parte consiste principalmente
do que se conhece como "As Dez Asas". Essas Dez Asas ou exposições
contêm, de fato, o que há de mais antigo em termos de literatura de exegese do
Livro das Mutações.
O contato de Confúcio
com o I Ching, apesar de sustentado pela
autoridade da tradição, foi muitas vezes questionado mesmo na China. Ou-yang
Hsiu (1017-1072 d.C), em sua obra "I T'ung Tzu-wen", afirma que não
há qualquer conexão entre Confúcio e o I Ching, ou mesmo as Dez Asas. (Nota da
tradução brasileira.).
O fato é que tradicionalmente é atribuída a Confúcio,
grande parte do “Livro das Mutações”
(I Ching).
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