"Antes
do céu e da terra existirem, havia algo nebuloso...
Eu
não sei o seu nome, e eu o chamo de Tao.
O
"isto" é também o "aquilo". O "aquilo" é também
"isto".
Que
o "aquilo" e o "isto" deixem de ser opostos,
eis
aí a essência mesma do Tao.
Somente
esta essência, como se fosse um eixo,
constitui
o centro do círculo que responde às mudanças incessantes. "
LAO
TSE
Tao Te Ching 道德經 - O Livro do Caminho e da sua Virtude
(segundo tradução do professor Wu Jyn Cherng, da Sociedade Taoísta do Brasil).
(ou Dao De Jing )
Tao
(em chinês: 道; pronuncia-se tao, embora na
grafia pinyin utilize-se a forma dao) significa, traduzindo literalmente, o
Caminho, mas é um conceito que só pode ser apreendido por intuição. O Tao não é só um
caminho físico e espiritual; é identificado com o Absoluto que, por divisão,
gerou os opostos/complementares Yin e Yang, a partir dos quais todas as «dez
mil coisas» que existem no Universo foram criadas.
É um conceito muito antigo, adotado como princípio fundamental
do taoísmo, doutrina fundada por Lao Zi (Lao Tze).
As diversas
correntes do pensamento religioso e filosófico através dos tempos atribuíram
milhares de interpretações diferentes ao sentido do Tao Te Ching. Porém , o
tema principal do livro é localizado em seu primeiro provérbio:
"O
Tao que pode ser dito não é o Tao Verdadeiro".
Como o Tao Te Ching foi escrito usando a escrita de
estilo antigo, o texto é extremamente conciso e não é de interpretação fácil
mesmo para um chinês.
Devemos agir de
acordo com a nossa vontade apenas dentro dos limites da nossa natureza e sem
tentar fazer o que vai para além dela. Devemos usar o que é naturalmente útil e
fazer o que espontaneamente podemos fazer sem interferir na nossa natureza. E
não tentar fazer aquilo que não podemos fazer ou tentar saber aquilo que não
podemos saber. A felicidade é essa "não-ação" perfeita (wu wei 無為 ).
Para conseguirmos
entender o curso natural das coisas e seguirmos o Caminho temos que conseguir
desaprender muitos conceitos. Para os podermos desaprender é preciso que antes
os tenhamos aprendido. Mas temos que passar a um estado muito parecido com o
estado inicial em que estávamos antes de o termos aprendido.
Se abrirmos os
olhos de repente, há um brevíssimo momento durante o qual o nosso cérebro ainda
não analisou o que está a ver. Ainda não distinguiu as cores e as formas nem
descodificou o que se está a passar à nossa frente. Os taoistas procuram viver
o mais perto possível desse estado. É uma renúncia à análise, sempre
imperfeita, da realidade.
Trinta raios
convergem para o meio de uma roda.
Mas é o buraco em
que vai entrar o eixo que a torna útil.
Molda-se o barro
para fazer um vaso; É o espaço dentro dele que o torna útil.
Fazem-se portas e
janelas para um quarto; São os buracos que o tornam útil.
Por isso, a
vantagem do que está lá; Assenta exclusivamente na utilidade do que lá não
está.
TAOÍSMO
Taoísmo tem origem
na palavra chinesa "Tao", que significa "o Caminho". Todos
os filósofos tem suas opiniões a respeito do Tao, mas o taoísmo que conhecemos
provém dos estudos do sábio Lao-Tsé e seu seguidor Chuang-Tsé. Lao-Tsé viveu no
século VI a.C. porém quase nada se sabe a respeito de sua vida. Diziam que era
um historiador e conselheiro religioso da corte dos Imperadores. Segundo a
lenda, teve um encontro com Confúcio e não ficou nada impressionado. Mais tarde
faria uma viagem ao ocidente, onde foi impedido de deixar a China sem antes
escrever todos os ensinamentos sobre o Tao. Este livro recebeu o nome de Tao Te Ching. Lao Tsé partiu
então para o ocidente e "ninguém mais ficou sabendo dele". Os
ensinamentos dele eram complementares ao de Confúcio. Na opinião de alguns,
esses dois filósofos tratam de campos inteiramente diferentes da busca humana,
na concepção de outros, são absolutamente contraditórios em quase todos os aspectos.
Enquanto Confúcio
ensinava o "Caminho do Homem",
Lao Tsé ensinava o "Caminho da
Natureza"
Segundo Lao Tsé, deveríamos nos
harmonizar com o Tao tentando nos igualar a ele. Devíamos
esvaziar nosso eu de interesses fúteis, viver nossas vidas com simplicidade e
espontaneidade, sem nunca deixarmos de ser tranquilos.
Todos os direitos
a: Paul Strathern
O Tao
é a espontaneidade natural. O conceito de Tao é algo que só pode ser apreendido
por intuição. É algo muito simples, mas não pode ser explicado. É o que existe
e o que inexiste. Só que nós temos demasiados conceitos dentro da cabeça para o
entender como um todo uno.
O Tao
é o Caminho da espontaneidade natural. É o que produz todas as coisas que
existem. O Te
德 (a Virtude) é o
modo de caminhar espontâneo que dá às coisas a sua perfeição.
O Tao não transcende o mundo; o Tao é a totalidade da
espontaneidade ou «naturalidade» de todas as coisas. Cada coisa é simplesmente
o que é e faz. Por isso, o Tao não faz nada; não precisa de o fazer para que
tudo o que deve ser feito seja feito. Mas, ao mesmo tempo, tudo que cada coisa
é e faz espontaneamente é o Tao. Por isso, o Tao «faz tudo ao fazer nada».
O Tao produz as coisas e é o Te que as sustenta. As coisas
surgem espontaneamente e agem espontaneamente. Cada coisa tem o seu modo
espontâneo e natural de ser. E todas as coisas são felizes desde que evoluam de
acordo com a sua natureza. São as modificações nas suas naturezas que causam a
dor e o sofrimento.
O
modo de caminhar taoista
Se entendermos bem a natureza das coisas e conseguirmos esquecer
tudo o que aprendemos que tenta ir contra ela, conseguimos fazer tudo o que é
possível, com o mínimo esforço. Porque acabamos por deixar as coisas seguirem o
seu curso natural. Não fazemos nada (claramente por nossa vontade própria),
mas, nada fica por fazer.
Na busca do conhecimento, todos os dias algo é adquirido, na
busca do Tao, todos os dias algo é deixado para trás.
E cada vez menos é feito até se atingir a perfeita não-ação.
Quando nada é feito, nada fica por fazer.
Domina-se o mundo deixando as coisas seguirem o seu curso.
E não interferindo.
O TAO E O TAOÍSMO
O ideograma Tao (ou Dao) pode ser traduzido como
"via" ou "caminho", mas assume um significado mais abstrato
para a religião e para a filosofia chinesa. É o que há de mais profundo e
misterioso na realidade e que faz com que tudo seja como é. É o conjunto indiferenciado
de tudo o que existe, mas também o princípio supremo que gera e está na origem
do seu devir, ou seja, é também o seu Caminhar. Embora seja invisível,
inaudível e intangível, manifesta se pela sua influência, a que se chama
Virtude — o Te (德, dé). Mas essa influência é
espontânea, ou seja, faz parte da sua própria natureza, do seu próprio fluir
natural. Como se diz no Tao Te King: o Tao «age sem agir»
Um tema no
pensamento chinês primitivo é Tian-Dao ou
caminho da natureza (também traduzido como "céu" e às vezes
"Deus"). Corresponde
aproximadamente à ordem das coisas de acordo com a lei natural. Tanto o
"caminho da natureza" quanto o "grande caminho" inspiram o
afastamento estereotípico taoísta das doutrinas morais e normativas. Assim,
pensado como o processo pelo qual cada coisa se torna o que ela é (a "Mãe de todas as coisas"), parece difícil imaginar que
temos que escolher entre quaisquer valores de seu conteúdo normativo - portanto
pode ser visto como um princípio eficiente de "vazio" que sustenta
confiavelmente o funcionamento do universo.
Taoismo e confucionismo
O taoismo é uma
tradição que, dialogando com seu tradicional contraste, o confucionismo,
modelou a vida chinesa por mais de 2.000 anos. O taoismo enfatiza a
espontaneidade ou liberdade da manipulação sócio-cultural pelas instituições,
linguagem e práticas culturais. Manifesta o anarquismo - defendendo
essencialmente a idéia de que não precisamos de nenhuma orientação
centralizada. Espécies naturais seguem caminhos apropriados a elas e os seres
humanos são uma espécie natural. Seguimos todos por processos de aquisição de
diferentes normas e orientações da sociedade e, no entanto, podemos viver em
paz se não procuramos unificar todas estas formas naturais de ser.
Como o conceito confucionista
de governo
consiste em fazer todos seguirem o mesmo moral Tao, o taoismo representa de
muitas maneiras a antítese do conceito confucionista referente a deveres
morais, coesão social e responsabilidades governamentais, mesmo que o pensamento
de Confúcio inclua valores taoistas e o inverso também ocorra, como se pode
observar lendo os Anacletos.
Origens
Tradicionalmente,
o taoismo é atribuído a três fontes principais:
1. A mais antiga,
o mítico "Imperador Amarelo";
2. A mais famosa,
o livro de aforismos místicos, o Dao De Jing (Tao Te Ching), supostamente
escrito por Lao Zi (Lao Tse), que, segundo a tradição, foi um contemporâneo
mais velho de Confúcio;
3. E a terceira,
os trabalhos do filósofo Zhuang Zi (Chuang Tse).
Outros livros
ampliaram o taoismo, como o True Classic of Perfect Emptiness, de Lie Zi; e a
compilação Huainanzi. Além destes, o antigo I Ching, O Livro Das Mutações, é
tido como uma fonte extra do taoismo, assim como práticas de adivinhação da
China antiga.
Filosofia
Do Caminho, surge
um (aquele que está consciente), de cuja consciência por sua vez surge o
conceito de dois (Yin e Yang), dos quais o número três está implícito (céu,
terra e humanidade); produzindo finalmente por extensão a totalidade do mundo
como o conhecemos, as dez mil coisas, através da harmonia das Wuxing. O
Caminho, enquanto passa pelos cinco elementos do Wuxing, é também visto como
circular, agindo sobre si mesmo através da mudança para simular um ciclo de
vida e morte nas dez mil coisas do universo fenomênico.
Aja de acordo com
a natureza e com sutileza, em lugar de força.
A perspectiva
correta será encontrada pela atividade mental da pessoa, até chegar a uma fonte
mais profunda que guie sua interação pessoal com o Universo (veja wu wei
abaixo). O desejo obstrui a habilidade pessoal de entender O Caminho (veja
também karma), moderar o desejo gera contentamento. Os taoistas acreditam que,
quando um desejo é satisfeito, outro, mais ambicioso, brota para substituí-lo.
Em essência, a maioria dos taoistas sente que a vida deve ser apreciada como
ela é, em lugar de forçá-la a ser o que não é. Idealmente, não se deve desejar
nada, "nem mesmo não desejar".
Unidade: ao
perceber que todas as coisas (inclusive nós mesmos) são interdependentes e
constantemente redefinidas pela mudança das circunstâncias, passamos a ver
todas as coisas como elas são e a nós mesmos como apenas uma parte do momento
presente. Essa compreensão da unidade nos leva a uma apreciação dos fatos da
vida e do nosso lugar neles como simples momentos miraculosos que "apenas
são".
Dualismo, a
oposição e combinação dos dois princípios básicos - Yin e Yang - do Universo, é
uma grande parte da filosofia básica. Algumas das associações comuns com Yang e
Yin, respectivamente, são: masculino e feminino, luz e sombra, ativo e passivo,
movimento e quietude. Os taoistas acreditam que nenhum dos dois é mais
importante ou melhor que o outro, na verdade, nenhum pode existir sem o outro,
porque eles são aspectos equiparados do todo. São em última análise uma
distinção artificial baseada em nossa percepção das dez mil coisas, portanto é
só nossa percepção delas que realmente muda. Ver taiji.
Wu Wei
Muito da essência
do Tao está na arte do wu wei (agir
pelo não-agir). No entanto,
isso não significa "espere sentado que o mundo caia no seu colo".
Essa filosofia descreve uma prática de se realizarem coisas através da ação
mínima. Pelo estudo da natureza da vida, você pode influenciar o mundo do modo
mais fácil e menos disruptivo (usando a sutileza em vez da força). A prática de
seguir a corrente em vez de ir contra ela é uma ilustração: uma pessoa progride
muito mais não por lutar e se debater contra a água, mas permanecendo quieta e
deixando o trabalho nas mãos da correnteza.
O Wu Wei funciona
a partir do momento em que confiamos no design humano, perfeitamente ajustado
para nosso lugar na natureza. Em outras palavras, confiando na nossa natureza
em vez da nossa racionalidade, nós podemos encontrar contentamento sem uma vida
de luta constante contra forças reais e imaginárias.
Uma pessoa pode
aplicar essa técnica no ativismo social. Em vez de apelar para que outros tomem
atitudes relacionadas a uma causa, seja qual for a sua importância ou validade,
ela pratica uma vida de acordo com o que acredita, "não remando contra a
maré". Ao deixar sua crença se manifestar em suas ações, está assumindo
sua responsabilidade pelo movimento social em que acredita.
Taoísmo
é um sistema filosófico-religioso que enfatiza a liberdade individual, o
primitivismo social, a espontaneidade e a experiência mística. Atribuído ao
filósofo chinês Laozi (ou Lao Tse), no século VI a.C.
O Taoísmo se baseia no sistema politeísta e filosófico de
crenças que assimilam os antigos elementos místicos e enigmáticos da religião
popular chinesa, como: culto aos ancestrais, rituais de exorcismo, alquimia e
magia.
A origem da filosofia do Taoísmo é atribuída aos
ensinamentos do mestre chinês Erh Li ou Lao Tsé (velho mestre), um
contemporâneo de Confucio, nos anos 550 a.C., segundo o Shih-chi (Relatos dos
Historiadores). Apesar de não ser uma religião mundialmente popular, seus
ensinos têm influenciado muitas seitas modernas.
Lições do TAO
A tradição taoísta está repleta de belas histórias,
míticas ou não, com fundo moral profundo, que podem nos servir de inspiração ou
ajudar nos momentos difíceis da vida.
Uma das ramificações do Tao que chegou ao Brasil é o “Ten Tao”, um movimento chinês que derivou da tradição taoísta original e que procura, segundo seus representantes, integrar a sabedoria das cinco principais religiões do mundo: Budismo, Taoísmo, Confucionismo, Cristianismo e Islamismo. Em seus estudos, os textos do Tao podem vir seguidos por um versículo da Bíblia e/ou uma regra de Confúcio, por exemplo. Afirmam que possuem mais de 5.000 anos de desenvolvimento, já que as bases filosóficas e espirituais que eles procuram seguir são muito antigas; - mas o início da escola Ten Tao está provavelmente no começo do século XX, quando houve muita influência ocidental na China.
Uma coletânea de ensinamentos Tao que são compartilhados conosco pela escola Ten Tao consiste das “Quatro Lições de Liao Fan”. Trata-se de uma série de quatro manuscritos que um importante administrador chinês escreveu para deixar como lição ao seu filho, e que posteriormente foram divulgadas e veiculadas na China por centenas de anos, devido ao grande valor espiritual, moral e ético do seu conteúdo. Assim que tomei contato com essas interessantíssimas lições, resolvi que as dividiria com os leitores do Arte das artes.
Liao Fan Yuan nasceu durante a dinastia Ming, aproximadamente em 1550, na província de Jiang-Su, no condado chamado Wu-Jiang. Ele viveu até a idade de 74 anos, tendo chegado ao cargo de prefeito, além de ter publicado vários artigos. As lições que seguem, como mencionado, foram originalmente destinadas ao seu filho, mas depois de algum tempo a família achou que a melhor coisa a se fazer seria compartilhar as mensagens com toda a população, já que sem dúvida poderiam vir a ser muito úteis para todos. As quatro lições são: "O Princípio do Destino"; “O Método do Arrependimento”; “Os Modos de Acumular Méritos” e “Os Benefícios da Humildade”. A partir de hoje, passo a publicar aqui o conteúdo desses textos, um por dia. O primeiro desses textos é longo, mas não é cansativo, e eu garanto que a leitura vale a pena.
Primeira lição - "O
Princípio do Destino"
Por Liao Fan YuanPerdi meu pai quando ainda era jovem. Minha mãe pensou que aprender medicina seria uma boa maneira de me sustentar e também de ajudar aos outros. Além disso, tendo habilidade nas mãos não teria nunca mais que me preocupar com a minha sobrevivência. Poderia até me tornar famoso por minhas habilidades médicas, satisfazendo a vontade de meu pai. Desta forma, dei ouvidos à minha mãe e desisti do sonho de me tornar um oficial do governo.
Um dia, durante minhas viagens, conheci um senhor de aparência distinta no Templo “Nuvem Clemente”. Ele tinha uma longa barba e aparentava ser um sábio. Eu lhe fiz uma reverência e ele me disse: “Você deveria estar estudando, pois o seu destino é ser um oficial do governo. No próximo ano você deverá entrar na graduação de Erudição. Por que você não está estudando?”. Eu lhe disse a razão e perguntei seu nome. O ancião respondeu: “Meu nome é K’ung da província de Yunnan. Eu tenho um sagrado texto sobre astrologia. Herdei o conhecimento de Shao-Tzu (estudioso da dinastia Sung que desenvolveu um método de predizer o futuro) e foi me dito que deveria passá-lo para você”. Assim, levei Sr. K’ung para minha casa e contei para minha mãe a respeito dele. Ela disse para tratá-lo muito bem e nós testamos sua capacidade de fazer previsões. O ancião sempre estava correto quer isso fosse um grande evento ou um simples acontecimento do cotidiano. Desta forma, fiquei convencido sobre o que foi dito sobre o meu destino e iniciei os estudos de preparação para o exame do próximo ano. Consultei primo Shen e ele me recomendou o professor Y Hai-ku, que já ensinava um amigo dele. Assim, tomei-me aluno do Sr. Y.
Sr. K’ung fez algumas previsões sobre minhas colocações: “Nas provas municipais você será o décimo quarto; no nível regional você será o septuagésimo primeiro e na província será o nono.” No ano seguinte, nos três lugares, quando os resultados dos exames chegaram foram exatamente como a previsão de Mr. K’ung. Pedi para que ele previsse minha vida inteira. De acordo com ele, eu passaria de teste em teste, ano após ano, até me tornar um funcionário público e depois receberia uma promoção. E por último, seria escolhido para o magistrado na província de Sichuan. Após servir nesta posição por três anos e meio, iria me aposentar e retornar ao lar para viver até os 53 anos. Morreria no dia 14 de agosto no horário ch’ou. Infelizmente, não teria filhos. Recebi a informação cautelosamente e não lhe dei importância.
Dali em diante, os resultados de cada exame concordavam exatamente com as previsões. Sr. K’ung também previu que eu ganharia um salário de noventa e um tan e cinco tou (unidades de peso) de arroz enquanto permanecesse no cargo. Quando eu já havia recebido no total setenta e um tou de arroz e meu superior Sr. Tu indicou-me para uma promoção, eu suspeitei de que a previsão do Sr. K’ung estava incorreta. Entretanto, ela revelou-se verdadeira porque a recomendação tinha sido rejeitada pelo chefe de Sr. Tu, Sr. Yang. Somente após muitos anos de trabalho fui finalmente promovido, e quando calculei a quantidade de arroz que tinha recebido no cargo vi que tinha sido exatamente noventa e um tan e cinco tou.
A partir disso, acreditei que prosperidade, promoções, vida ou morte, tudo é predestinado. Tornei-me completamente indiferente sobre qualquer desejo. Naquele ano, após a minha promoção, fui enviado à capital, Yen, por um ano. Interessei-me pela meditação e perdi o interesse nos estudos, já que tudo é predestinado e assim meus esforços seriam inúteis.
Ao final do ano, entrei para o colégio imperial no sul da capital. Quando retornei, fui visitar Yun Ku-Hui, mestre C'han (Zen) da montanha Ch’i-Hsia. Permanecemos sentados, face a face, por três dias e três noites sem dormir. Mestre Yun me disse: “A razão pela qual pessoas comuns não podem tornar-se sábios e santos é porque elas têm muitos pensamentos inquietantes e muitos desejos. Há sempre uma razão”. Eu respondi: “Sr. K’ung predisse minha vida, minha promoção, minha morte etc... Tudo já está predestinado e não há necessidade de pensar sobre isso, nem de desejar nada”. Yun me disse: “A pessoa medíocre é controlada pelo ch’i do ying e yang, e por isso ela está sob o controle do destino. Entretanto, o destino não pode controlar uma pessoa que realiza boas obras. Por outro lado, se a pessoa realiza grandes maldades o destino também não pode controlá-la. Nos últimos 20 anos você tem sido dirigido pelas previsões do Sr. K’ung, sem ser capaz de modificar nem um centímetro do seu destino, sendo, assim, um medíocre. Mas eu penso que você poderia ter sido um sábio, um iluminado”. Neste momento, Yun começou a rir.
Eu então perguntei a ele: “É verdade que alguém pode mudar seu destino, que pode escapar dele?” Yun disse: “Nós criamos nosso próprio destino. Nossa forma é criada por nossa mente, por nossos pensamentos. Sorte e azar são também determinados pelas nossas próprias ações. Isso é o que está escrito nos antigos livros de sabedoria. Nos sutras do Budismo está escrito que se você rezar por riqueza e fama, por um filho ou filha, ou por longevidade, você os terá. Isso não é mentira porque o discurso falso é um dos grandes pecados do ensinamento budista, então, certamente, estando este ensinamento num sutra ele é verdadeiro”. Respondi: “Mencius (sábio chinês que viveu de 372 a 289 a.C.) mencionou que só deveríamos pedir por aquilo que está dentro de nossas possibilidades, em outras palavras, virtude, bondade e honra são qualidades que temos que procurar obter. Entretanto, quando nos referimos à prosperidade, fama e status, como podemos procurá-las ou pedi-Ias?” Yun disse: “Mencius estava correto. Você é que não entendeu a verdadeira essência. O sexto patriarca do Zen, Hui-neng, tinha dito que todos os campos do mérito não estão além de 'um pequeno quadrado de uma polegada'. Aquele que procura dentro de si, no seu próprio coração, pode então estar conectado com tudo. O exterior é meramente um reflexo do interior. Aquele que procura dentro de seu próprio coração a prática dos caminhos virtuosos, receberá naturalmente. o respeito dos outros e trará posição de destaque e prosperidade para si Aquele que não sabe como olhar para dentro de si e verificar seus próprios pensamentos, mas somente procurar no exterior, então, mesmo que ele trame e planeje, não atingirá seu objetivo”.
Sr. Yun continuou a perguntar: “O que disse Sr. K’ung sobre seu destino?" - E eu lhe respondi com todos os detalhes. Novamente ele perguntou: “O que você pensa que deveria receber? Uma nomeação imperial? Você acha que você merece ter um filho?” Pensei um longo tempo sobre esta questão e então lhe disse: “Enquanto todos aqueles que receberam uma nomeação imperial pareciam ter sorte, eu não tive sorte, e também não acumulei méritos para construí-ia. Sou muito impaciente, intolerante,_ indisciplinado e falo sem qualquer restrição. Tenho também um ego muito forte e sou arrogante. Isso tudo não é virtuoso, então como posso eu receber uma nomeação imperial? Há um antigo ditado que diz: 'A vida nasce da sujeira da Terra, e a água limpa muitas vezes não tem peixe'. Eu tenho uma obsessão por limpeza, esta é a primeira razão pela qual não tenho filhos. A segunda razão pela qual não mereço ter um filho é porque o amor é a base para toda vida, e a intransigência é a causa da não-vida, eu sou muito irritado e sem bondade. Estou completamente ciente sobre minha reputação e não posso me permitir estar em segundo plano para ajudar os necessitados, pois, eu não tenho compaixão por eles. Estas são as razões do porque não devo ter um filho.”
Yun então disse: “De acordo com você, então, há muitas coisas na vida que você não merece, não somente fama e um filho. No mundo, o porquê de existirem pessoas que são ricas ou que passam fome até morrerem é que elas criaram seus próprios destinos e o Céu simplesmente recompensa aquilo que elas próprias semearam... O mesmo ocorre com a criação de uma criança. Alguém que tenha méritos suficientes para dez gerações terá descendentes por dez gerações para protegerem seus méritos; e por último, aqueles que não têm nenhum descendente são pessoas que não construíram méritos suficientes. Se entendermos a razão para criarmos o destino, então mudar as razões pelas quais não se recebe uma nomeação imperial ou por não ter filhos, mudando da avareza para a doação, da intolerância, para a compreensão, da arrogância para humildade, do descaso para diligência, da crueldade para compaixão, da hipocrisia à sinceridade, então acumularemos tantos méritos quanto conseguirmos. Estar bem consigo mesmo, deixando o passado no passado e iniciando um novo dia, pode-se começar uma nova vida. Uma vez entendendo os princípios de como criar nosso próprio destino, então poderemos criar qualquer coisa que desejarmos. Isso é o que significa uma segunda vida. Se o corpo físico é governado pela Lei, então nossa mente pode também se comunicar com o Céu. Como estava escrito no livro T’ai-chia, pode-se escapar da previsão do céu (astrologia), mas não se pode sobreviver às próprias más ações. Sr. K’ung tinha calculado que você não receberia a nomeação imperial e também que não teria nenhum filho. Essa é a previsão da astrologia, mas se você começar a andar em novos caminhos então você estará apto a modificar seu destino. O I-Ching foi escrito para auxiliar as pessoas a evitar o perigo e atrair boa sorte. Se tudo estivesse predestinado, então não haveria necessidade de se evitar o perigo ou de se melhorar a própria sorte. Em todo o primeiro capítulo do livro está escrito que as famílias que realizarem boas obras desfrutarão de boa sorte”.
A partir desse momento, conscientizei-me e compreendi o princípio do destino, e então comecei a me arrepender de todos os meus erros do passado. Escrevi que desejava ser aprovado nos exames imperiais para receber uma nomeação oficial. Assim, prometi fazer 3.000 boas ações para demonstrar minha gratidão. Sr. Yun também me ensinou como lembrar dos meus méritos, assim como dos meus erros, pois às vezes os méritos acabam sendo neutralizados pelos erros. Ele me ensinou a cantar um certo mantra para fortalecer o que eu pedia. Ele ainda acrescentou que quando rezamos por algo que se refere à mudança de nosso destino é importante fazê-lo num momento de tranqüilidade da mente, então nosso desejo é mais facilmente realizado.
A teoria de Mencius sobre a determinação do destino de alguém estabeleceu que uma longa vida ou uma vida breve não são diferentes. Superficialmente as duas parecem diferentes, mas sem utilizar a mente discriminatória, elas são iguais. Vendo mais adiante, aquele que vive indiferente aos bons ou aos maus resultados têm então, o domínio do seu destino de riqueza ou pobreza. Ou aquele que vive com adequada indiferença a respeito do status que se obtêm na vida, obtém o domínio do destino, mesmo possuindo alto ou baixo status. Isto é, quem vive indiferentemente quanto aos altos ou baixos da vida, com serenidade, adquire o controle de suas emoções e ações, modificando assim, indiretamente, o seu destino. Para modificar o destino para melhor devemos primeiro deve corrigir todos os nossos maus hábitos e pensamentos. Quando um pensamento nocivo é formado, devemos extingui-lo pela raiz. Ser capaz de controlar os próprios pensamentos é a completa realização.
Meu nome do meio significava “Mar de Aprendizagem”, mas daquele dia em diante, passei a me chamar "Liao-Fan", isto é, “Transcendendo o Mundano”. Isso significou minha constatação de que nós criamos nosso próprio destino. Eu não quis mais cair na armadilha dos pensamentos mundanos. Modifiquei completamente meu modo de viver, passei a viver cautelosamente e com seriedade. No passado costumava ser indisciplinado e minha mente estava fora de controle, mas comecei a prestar atenção no que pensava e no que dizia, mesmo quando estava sozinho num quarto escuro. Mesmo quando os outros me maldiziam, eu os tolerava e não ficava zangado. No ano seguinte a esses acontecimentos, entrei para a etapa preliminar da avaliação imperial. Sr. K’ung havia predito que eu ficaria em terceiro lugar, mas fiquei em primeiro. As previsões de Sr. K’ung começaram a perder sua eficácia, e assim, fui aprovado naquele outono nas provas, o que não estava nas previsões iniciais...
Mas quando olhei para mim mesmo, senti que não estava ainda totalmente confortável no meu modo de viver. Por exemplo: quando praticava caridades, não estava completamente certo disso; quando ajudava as pessoas ainda tinha algumas dúvidas; quando eu realizava boas obras não me comportava apropriadamente; quando me via sóbrio me permitia ficar bêbado. Os méritos e os deméritos às vezes se cancelavam. Do dia em que fiz a promessa passaram-se 10 anos até que consegui completar os 3000 méritos.
Após isso, retornei para minha antiga casa e fui ao templo prestar minhas reverências e oferecer meus méritos. Fiz então meu segundo desejo e este era o de ter um herdeiro. Fiz outra promessa de realizar mais 3000 méritos. E no ano do Hsin-Su tive um filho, T’ien-Ch’i. Quando realizava uma caridade eu a escrevia num livro. Minha esposa, que não sabia ler, desenhava um círculo com a pena de um ganso no calendário quando ela realizava um mérito. Por exemplo, demos alimentos aos necessitados e ajudamos pessoas que precisavam. Às vezes ela acumulava mais de dez círculos num mesmo dia. Assim, passados dois anos acumulamos os 3000 méritos e novamente retornamos ao templo para prestar nossas reverências e quitar nosso voto. Fiz um terceiro pedido: passar no próximo estágio da avaliação imperial, a etapa chi-shih. Prometi desta vez 10.000 méritos! Após três anos, em 1586, passei por esta etapa e me tornei o prefeito de Pao-Ti.
Mantive sempre o livro de registros de méritos e deméritos próximo à minha mesa de escritório. Disse para meus subordinados também se manterem no caminho das caridades e no final do dia fazíamos um relatório para os céus. Minha esposa notou que eu então não estava acumulando muitas caridades e estava preocupada. Ela disse que quando estávamos em nossa casa havia muito mais oportunidades para realizá-las, mas quando nos mudamos para a residência oficial, elas rarearam. Como iríamos cumprir nossa promessa?
Uma noite, em meus sonhos, vi um santo que veio até mim e disse: “Se você reduzir o imposto nos campos de arroz, essa única obra valerá por 10000 méritos”. Nessa época, o imposto sobre os campos de arroz era muito alto, por cada acre o proprietário tinha que pagar uma quantia exorbitante, e decidi reduzi-la para aproximadamente a metade, mas ainda tinha dúvidas quanto a essa medida. Como uma única ação poderia valer por 10.000? Justamente nessa época, havia um monge viajando na região, vindo das montanhas, e eu lhe descrevi meu sonho. Ele me disse que se alguém realiza sinceramente uma boa ação, então ela poderia valer por 10000 e que quando reduzi as taxas para toda a região, ao menos 10000 pessoas se beneficiariam com isso. Certamente aquela caridade valia por 10.000. Quando escutei essas palavras, resolvi expressar minha gratidão. Doei meu salário do mês para o monge poder retornar para as montanhas e também como auxílio na alimentação de outros 10.000 monges.
Sr. K’ung havia calculado que eu morreria com 53 anos. Não pedi para que houvesse mudança desse fato, mas meus 53 anos vieram e eu sobrevivi. Agora tenho 69. Passei a acreditar que quando alguém diz que a sorte é determinada pelo céu, esse alguém deve ser um mero mortal medíocre. Se alguém diz que a sorte é o resultado do que criamos ou é o reflexo do que temos no coração, então deve ser considerado um sábio.
Em resumo, apesar de não sabermos qual é o nosso destino, nos tempos de prosperidade devemos ser humildes e econômicos e quando os acontecimentos ocorrem como planejamos, devemos, ainda assim, manter-nos cautelosos e serenos. Quando estamos saudáveis e repletos de riquezas devemos nos comportar com simplicidade, sem esbanjar. Mesmo se tivermos o amor, o respeito e o apoio alheios não devemos nos envaidecer. Ao nascermos numa família afortunada não devemos nos louvar ou nos exibir para os outros. Quando temos muito conhecimento devemos tratar os outros com respeito e pedir auxílio quando necessitarmos. Devemos sempre tentar ajudar o próximo e sermos muito rigorosos com nós mesmos. Devemos, sem hesitação, nos policiar todos os dias e realizar mudanças em tudo que ainda não está perfeito.
Fonte: "Santuário Ten Tien do Brasil"
Lição do Tao – 2
Segunda lição - Arrependimento –
escritos que Liao Fan Yuan (1550 - 1624)
No período da primavera e do outono da história
chinesa, durante a dinastia Chou (800-400 aC.), existiam muitos oficiais que
tinham a habilidade de prever o futuro de um homem apenas observando suas
palavras e seu comportamento. Acontece que o futuro de alguém, seja ele bom ou
ruim, inicia-se primeiro em seu coração/mente, e em seguida manifesta-se em seu
comportamento. Aquele que parece amável e sincero e seu comportamento é bom,
muito tem grandes possibilidades de sucesso. Entretanto, aquele que transparece
crueldade e comporta-se sem considerarão pelos outros. Normalmente propicia o
aparecimento de sofrimentos. Desta forma, não há mistério nesses
acontecimentos. O coração e a mente do ser humano são conectados com o Céu.
Quando se está para ter dificuldades, pode-se ver que isso se deveu a um
comportamento perverso. Se desejarmos ter felicidades e harmonia, a primeira
atitude que devemos tomar é a de arrependimento, mesmo antes de
realizarmos boas obras.
Há três modos de arrependimento: O primeiro modo é ter consciência ou vergonha. Quando lembramos de nossos ancestrais, os sábios de tempos remotos, notamos que eles foram também pessoas comuns e seus ensinamentos permaneceram válidos por centenas de anos. Somos apenas interessados em prazeres sensuais, fama e riqueza, além de não possuirmos disciplina em nosso comportamento. Cometemos ações desonrosas pelas costas dos outros pensando que ninguém mais pode vê-Ias. Gradualmente nos tornamos animais trajados em roupas humanas. Este é o comportamento mais vergonhoso.
Há três modos de arrependimento: O primeiro modo é ter consciência ou vergonha. Quando lembramos de nossos ancestrais, os sábios de tempos remotos, notamos que eles foram também pessoas comuns e seus ensinamentos permaneceram válidos por centenas de anos. Somos apenas interessados em prazeres sensuais, fama e riqueza, além de não possuirmos disciplina em nosso comportamento. Cometemos ações desonrosas pelas costas dos outros pensando que ninguém mais pode vê-Ias. Gradualmente nos tornamos animais trajados em roupas humanas. Este é o comportamento mais vergonhoso.
Mencius disse que o senso de consciência ou de vergonha é a chave para se tornar um santo. Aquele que nada sabe sobre isto é então como um animal irracional. Assim, o primeiro passo no arrependimento é começar a ter consciência, pois é isso que distingue os humanos dos animais.
O segundo modo é possuir respeito. Isto diz respeito a Seres Celestiais e de outros planos; não devemos enganá-los. Mesmo se cometermos pequenos erros, eles saberão. E se cometermos grandes erros sofreremos as punições proporcionais. Até quando estamos num quarto escuro nossos pensamentos são conhecidos pelo Céu. Podemos tentar nos esconder, mas nossos pensamentos não são ocultos e através deles poderemos ser encontrados. Enquanto ainda nos restar um último suspiro podemos nos arrepender, por mais sérios que tenham sido nossos erros prévios. Há muitas pessoas que tiveram uma vida inteira de pecados, mas no momento da morte, de repente, tornam-se cientes de seus erros, arrependem-se e deixam este mundo em paz. Há um ditado que diz: “Tão logo você abandone o facão de açougueiro, já poderá tornar-se um Buda”, isto é. independentemente dos erros cometidos, grandes ou pequenos, o principal é ser capaz de mudar e se arrepender.
O terceiro modo é possuir coragem e determinação. Normalmente, as pessoas não conseguem modificar seus destinos porque não possuem coragem e determinação para deter o comportamento errôneo ou para transformar algo errado. Devemos considerar um pequeno erro como uma pequena farpa cravada em nossa pele: devemos removê-la rapidamente. E se for um grande erro, deve ser considerado como uma picada de cobra venenosa, devendo ser o dedo amputado sem a menor hesitação. Aquele que conseguir seguir os três modos, alcançará o arrependimento tão facilmente quanto o gelo derrete na primavera.
E há três níveis para se alcançar o arrependimento:
1º - É a mudança do próprio comportamento;
2º - É a compreensão através de
uma mudança mental;
3º - É a mudança do coração/espírito.
Cada nível é praticado
diferentemente, com diferentes graus de sucesso. Um exemplo da realização do
primeiro nível: alguém que matou no dia prévio promete não matar no dia atual;
ou, ao se tornar muito nervoso num dia, promete ser calmo no dia seguinte.
Esses são exemplos de mudança de comportamento. Entretanto, aqueles que se
mantêm unicamente neste nível obrigam-se a seguir um método muito opressivo,
sendo muito difícil alcançar verdadeiramente um completo grau de
arrependimento.
Um outro caminho mais apropriado de se arrepender é através da compreensão no nível mental. Por exemplo: se quisermos modificar o hábito de matar devemos pensar sobre como todos os seres vivos valorizam suas vidas. Devemos nos perguntar: como poderemos estar em paz ao matarmos esses seres para nos alimentar? E, além disso, pensar na dor dos animais ao serem feridos com água ou óleo fervente penetrando em sua carne e ossos. O segredo da saúde é balancear nossa energia vital interior e não ser dependente de alimentos substanciosos das montanhas ou dos oceanos, pois após a refeição não há diferenças entre os seus nutrientes e os de simples vegetais. Por que deixar seu estômago tornar-se um cemitério de animais e anular suas caridades? Ao considerarmos que todos os seres com sangue e carne têm vida e sentimento, então o fato de nós não permitirmos que eles sejam livres como crianças brincando junto a nós é realmente vergonhoso. Como podemos feri-los e fazer com que nos odeiem? Se pensássemos sobre tudo isso seriamos incapazes de matá-los para nos saciar.
Para modificar o mau temperamento, o mesmo é válido. Se pensássemos como as pessoas são diferentes, como todas possuem pontos fortes e fracos, seríamos mais tolerantes com o próximo. E quando as outras não realizarem as ações corretas ou se elas agirem contra os Princípios Universais, elas é que estarão erradas. Então por que se zangar? Além do mais, se as coisas não andarem como gostaríamos que elas andassem, na grande maioria das vezes é porque ainda não acumulamos méritos suficientes para isso. Assim, se tivermos isto em mente, mesmo ao sermos caluniados, isso será como o fogo queimando no espaço vazio: logo se extinguirá sozinho. Ao escutarmos xingamentos e tentarmos nos defender, isso será tão trabalhoso quanto um bicho-da-seda construindo seu casulo. De qualquer forma, revidar e ter raiva são ações que mais nos ferem do que nos dão paz.
Há outros erros que podemos
modificar de acordo com as mesmas medidas citadas. Se entendermos as razões por
trás da necessidade de mudança nós não cometeríamos os mesmos erros novamente.
Geralmente, apesar de realizarmos centenas de erros, quando os analisamos
percebemos que todos eles provêm do coração/mente. Se a mente não gerar
pensamentos que são enraizados no egoísmo, então não cometeremos erros que
surgem da ganância. E se nosso coração tende à bondade, então naturalmente não
teremos pensamentos perversos. Este é o caminho de arrependimento mais básico:
o que ocorre no coração. Todas as falhas vêm da mente, dos pensamentos, e
assim, se quisermos remover radicalmente a causa destas falhas, temos que agir
como se cavássemos em direção à raiz para cortar a árvore venenosa. Para
mudarmos nossa mente, devemos estar atentos em cada pensamento. Logo que um mau
pensamento é gerado devemos capturá-lo e eliminá-lo. Este é o melhor
método. Todavia, se ainda não formos capazes de realizar este nível, então
devemos fazê-lo no nível anterior: o da compreensão. E se ainda não pudermos
agir neste nível (o da compreensão), então devemos fazê-lo no nível do
comportamento (da ação). Porém, o caminho mais eficaz consiste em combinar
a vigilância dos pensamentos com a compreensão. Se estiver realmente determinado a melhorar, você
pode suplicar aos Seres Iluminados por ajuda nesta mudança, para sinceramente
se arrepender dia após dia. Assim, após um certo tempo começaremos a obter
resultados, sentiremos paz e a sabedoria surgirá.
Também é possível sentirmos algumas das seguintes mudanças:
# Mesmo se estivermos em um meio conturbado, não nos aborreceremos mais;
# Ao virmos um inimigo, em vez de ficarmos zangados, ficaremos sinceramente felizes;
# Quando sonharmos que estamos deixando para trás coisas hostis, ou que anjos vêm para nos saudar, ou que estamos voando no céu, isto são apenas indicações de que resolvemos alguns dos nossos erros do passado, e que já realizamos algum progresso. Contudo, isso ainda não é o motivo para ficarmos satisfeitos e complacentes com nós mesmos.
Pessoas comuns como nós cometem tantos erros quanto os espinhos existentes em um porco-espinho. Quando a nossa mente ainda é muito rude, então mesmo falhando, não enxergamos claramente essas falhas e ainda permanecemos tranqüilos.
As pessoas que
acumularam muitos deméritos normalmente apresentam certos sintomas:
# suas mentes são obscurecidas e negligentes;
# preocupam-se quando
não há razão alguma para se preocupar;
# se sentem incomodadas
quando encontram pessoas sábias e santas;
# ficam infelizes quando
escutam a verdade;
# algumas vezes quando
recebem algo, ao invés de se sentirem gratas, elas ficam insatisfeitas e
nervosas;
# em seus sonhos elas
sempre têm muitos pesadelos e reclamam o tempo todo.
Essas são as características das pessoas que acumularam deméritos, e quando elas se manifestam, deveremos pensar com urgência em percorrer os caminhos do arrependimento.
O Tao – Parte 2
A filosofia taoísta é riquíssima em conhecimentos
ancestrais e na mais pura sabedoria oriental. Dicas preciosas para o buscador
de qualquer tradição podem ser encontradas ali. Na minha opinião, aos
ocidentais é importante que saibam separar joio e trigo, o que é tradição
folclórica, que não deve necessariamente ser interpretada ao pé da letra, como
o culto aos vários deuses e as artes divinatórias por exemplo, e o que é
funcional para nossas vidas, o conhecimento espiritual realmente válido e útil.
O conjunto das artes humanas abrangidas pelo taoísmo engloba a medicina chinesa e a acupuntura, o Feng Shui, as artes marciais e um elaborado conjunto de princípios espirituais, entre outros.
O taoísmo não é, necessariamente, uma religião. Não é Zen, embora tenha havido um contato entre essas duas vertentes filosóficas. Não é limitado aos chineses. E não é um modismo da "Nova Era".
Existem no taoísmo determinados princípios que são constantes em todas as artes taoístas. Compreender esses princípios é fundamental no estudo da sua filosofia. Assim como ocorre com o judaísmo, o hinduísmo e o budismo, tradições extremamente complexas e muito antigas, seria necessário um blog inteiro só para se fazer uma abordagem realmente aprofundada sobre o taoísmo. Como isso não é viável, deixarei aqui um breve resumo tópico desses princípios mais elementares. Seriam eles: o Tao, o Te, o Wu-Wei, o Chi, o Yin/Yang, o Wu Hsing e o Pa Kua.
O Tao (Dao)
O ideograma correspondente ao Tao pode ser entendido, a grosso modo,
como "Caminho", tanto no sentido literal de estrada ou rua como no
sentido filosófico de caminhada ou senda espiritual.
O Tao, propriamente dito, enquanto expressão da Verdade, não pode ser compreendido pela razão ou pela racionalidade. Esse conceito transcende nosso intelecto, tendo sido por isso chamado simplesmente de "Tao" pelo filósofo Lao-Tsé. Esse personagem muito importante no Taoísmo compreendeu o que era o Tao e se esforçou por mostrá-lo da melhor maneira possível aos seus contemporâneos. Para isso tinha que cunhar um termo que pudesse usar para ilustrar o inexplicável, e esse termo foi "Tao".
Como ele não pode ser explicado, "Tao" é um designação genérica para um grande conjunto de conhecimento transcendental. Como Lao-Tsé explica no primeiro capítulo da sua obra “Tao-Te-Ching”:
“O Tao que pode ser expresso não é o Tao verdadeiro”
O retorno ao Tao e a sua compreensão intuitiva e definitiva, é o objetivo número um do taoísmo e todas as suas artes e escritos convergem para esse fim. Seria o equivalente taoísta à Iluminação budista.
Te (Te)
Literalmente, podemos traduzir
Te como "virtude". Muitos autores buscam nessa expressão um conteúdo moral, com
regras de conduta. Mas o significado real não é bem esse. O Te expressa a
virtude natural que o ser humano atinge ao se tornar uno com o Caminho.
É uma conduta que flui naturalmente, sem preceitos reguladores criados pelo
homem.
Quando estamos perfeitamente mergulhados no Caminho, na sabedoria transcendente, ser virtuoso é viver de maneira simples, seguindo o curso natural da vida. O verdadeiro Te, a verdadeira Virtude, deve nascer no coração, de forma espontânea, fruto da compreensão do Universo proporcionado pela Comunhão com o Caminho.
Quando estamos perfeitamente mergulhados no Caminho, na sabedoria transcendente, ser virtuoso é viver de maneira simples, seguindo o curso natural da vida. O verdadeiro Te, a verdadeira Virtude, deve nascer no coração, de forma espontânea, fruto da compreensão do Universo proporcionado pela Comunhão com o Caminho.
Wu-Wei (Wuwei)
Esse é outro princípio difícil de definir. Um conceito muito complicado e talvez o que provoque maior polêmica entre os seguidores das outras tradições. À rigor, Wu-Wei significa "não-ação". Isso é tomado por muitos estudiosos ocidentais como ociosidade, uma espécie de apologia à preguiça e à inação. Inclusive figuram em vários livros de filosofia a premissa de que os taoístas eram indolentes que esperavam as coisas acontecerem.
A idéia do Wu-Wei é uma ação dentro da não-ação, ou seja, é preciso ficar atento para o curso dos acontecimentos de modo a usufruir da sua correnteza com o mínimo esforço. Seríamos todos como tripulantes em barcos frágeis, descendo uma corredeira que é a própria vida. Temos que ficar atentos aos obstáculos e lugares bons para ancoragem. Mas não podemos remar contra a correnteza, sob pena de destruirmos nossos barcos. Esse é o princípio do Wu-Wei: obter o máximo de benefícios da vida com o menor dos esforços.
Esse princípio criou uma situação interessante nas artes taoístas, onde todas buscam realizar o menor esforço possível. As artes plásticas ilustram bem essa idéia com as figuras dos Imortais, sábios que lograram atingir o Tao e manifestar o Te. Todas essas ilustrações trazem pessoas sorridentes e alegres, gordas e felizes, cantando, dançando ou se entretendo. Isso está em forte contraste com as efígies de praticamente todas as outras filosofias, quase sempre compenetradas e sérias.
Viver segundo o Wu-Wei significa também viver o agora e prestar atenção nas oportunidades que surgem a todo instante. Esse princípio é fortemente ilustrado pelas artes marciais de cunho taoísta, especializados em torções e chaves eficientes e no uso correto do Chi, energia universal que circula em nossos corpos. O Tai Chi Chuan e o Aikidô são exemplos claros da aplicação desses princípios, tendo o máximo de efetividade com o mínimo esforço. Uma parte desse princípio provavelmente foi incorporado pelo Zen Budismo através da preocupação com a transitoriedade das coisas e do princípio de "viver intensamente o presente". Cada momento é único e deve ser saboreado e vivenciado como se não existisse nada mais. Isso faz parte do agir sem agir do Wu-Wei.
Chi (Qi)
“Sem ele, não haveria vida.”
Conhecido desde o princípio dos tempos, o Chi desde os primórdios fascinou o homem. Todos os povos e culturas da Terra sempre souberam haver uma espécie de "Força" invisível atuando na Natureza. Acabaram por prestar reverência ao raio, ao fogo, à água, aos animais e a tudo o que não podiam dominar ou compreender exatamente. Essa crença, longe de ser a idolatria como muitos imaginam, estava fundamentada numa profunda reverência ao grande Mistério por trás da existência. Mistério que se manifesta na própria Energia Fundamental que nos mantém vivos.
Conceito dificílimo de explicar, o
Chi seria, falando de maneira muito simplificada, a
energia primordial que mantêm os átomos unidos, as partículas invisíveis
fundamentais que constituem os nossos corpos e todo o mundo físico em constante
harmonia e atividade.
Bruce Lee, ainda muito jovem,
praticando o Chi Kung (aprendeu bem...)
A tradução literal mais aceita para Chi é "sopro". A imagem apresentada pelo seu ideograma é a de grãos de arroz cozinhando ou fermentando em um pote ou chaleira que emite uma espécie de vapor que entra em alguma coisa. Esse "vapor" penetra todas as coisas, portanto, tudo é formado por Chi e se manifesta através dele. Com base nesse pensamento, os taoístas chineses elaboraram técnicas avançadas como o Chi Kung ou Ki Gong, técnica que pode aumentar a captação do Chi e manipulá-lo de diversas maneiras, podendo ser utilizado nas mais variadas artes como a Acupuntura, Feng Shui e as Artes Marciais. Você já assistiu a uma exibição de kung fu onde um praticante entorta grossas lanças de ferro no pescoço um em alguma outra parte sensível do corpo sem sofrer nenhum arranhão? Esta é uma demonstração de Chi Kung, e segundo os taoístas, uma demonstração da capacidade do praticante de controlar seu próprio Chi.
Yin/Yang (Yin Yang)
Essa dualidade de forças é bastante conhecida, ou parece ser. Existem
incontáveis trabalhos na internete ou nas livrarias rotulando quase todas as
coisas do universo em Yin ou Yang. Mas nem tudo funciona assim. Os conceitos de
Yin e Yang são relativos, isto é, dependem de seu referencial. Algo pode ser
Yin em relação a X e Yang em relação a Y. Como a água, por exemplo: ela é Yin
ou Yang? Em relação ao gelo é Yang mas em relação ao vapor, é Yin.
O que temos que ter sempre em mente é que elas são complementares e não-excludentes, ou seja, onde existe uma necessariamente existe a outra. Yang simboliza forças expansivas, luminosas, quentes, e o Yin simboliza as forças contrativas, obscuras, frias.
Wu Hsing (Wu Xing)
Wu Hsing quer dizer "Os Cinco Movimentos", e constituem uma das bases da filosofia taoísta. Este conceito é mais conhecido popularmente como "Cinco Elementos", embora essa denominação esteja incorreta. Os primeiros ocidentais que tomaram conhecimento deste conceito o compararam com os quatro elementos primordiais dos alquimistas europeus, que julgavam todas as coisas formadas por uma combinação de terra, ar, água e madeira. Na verdade, o Wu Hsing trata de interações energéticas e suas mutações, simbolizando as mudanças sofridas pelo Chi em diversos momentos.
Para o Tao, quase tudo que existe no Universo pode ser classificado dentro de um tipo de movimento, pois o Chi não permanece nunca parado, por isso chamam-se movimentos e não elementos. Os Cinco Movimentos são madeira, metal, fogo, água e terra. Cada um deles expõe uma maneira do Chi se manifestar. Cada elemento pode interagir com os demais segundo duas maneiras principais: o Ciclo de Criação e o Ciclo de Controle. O Ciclo de Criação consiste, por exemplo, na madeira gerando fogo, quando é queimado, ou na água gerando madeira, porque sem ela as raízes não poderia sobreviver, a árvore (madeira) morreria. Um exemplo de manifestação do Ciclo de Controle seria a água controlando o fogo, já que ela o apaga, ou o metal controlando a madeira, porque pode cortá-la.
O Tao
O Tao ou Dao é, ao mesmo tempo, o caminho, o
caminhante e o ato de caminhar. Filosoficamente, pode ser interpretado como o Absoluto. É uma tradição espiritual milenar de origem
chinesa, desenvolvida e praticada por inúmeros mestres ao longo dos tempos.
Possui duas vertentes principais de pensamento religioso. - Uma destas
concentra-se na meditação metódica sem rituais, subsistindo de maneira geral
como uma ordem filosófica. A outra vertente, mais ortodoxa, atribui importância
fundamental aos rituais, à renovação cósmica e ao controle espiritual.
Da observação das leis da natureza, os mestres do taoísmo concluíram que tudo possuía uma identidade proveniente de uma única fonte, que chamaram “Tao”. O significado literal da palavra é “Caminho, Trilha, Estrada”. O Tao, enquanto caminho de vida a ser seguido, é o principal conceito do Taoísmo. A libertação plena da alma estaria no retorno do homem ao Tao. E segundo as escolas taoístas, os principais meios para retornarmos ao Tao seriam a meditação, a vida em harmonia e o desapego do mundo material. Os taoístas atribuem extrema importância à capacidade de entender e “ver” a essência de todas as coisas. Um dos símbolos principais do taoísmo é bastante famoso entre os ocidentais: a representação circular do Yin e do Yang, o equilíbrio e a complementaridade entre as forças naturais opostas, em perfeita harmonia.
As raízes do taoísmo surgem com
os antigos panteístas chineses e as crenças xamânicas. A atual forma foi criada
por Lao-Tsé durante o Período dos Estados Guerreiros e se tornou uma religião
organizada no século 5 dC. Seu texto fundamental é o Dao De Jing, ou Tao Te Ching, que significa "O Livro do Caminho e da Virtude" (segundo
tradução do professor Wu Jyn Cherng, da Sociedade Taoísta do Brasil). -
Originalmente escrito por Lao-Tsé, reflete o caminho para a humanidade eliminar
o conflito e o sofrimento. Na verdade, o conceito de "caminho
correto" do Tao é um elemento fundamental recorrente em todas as tradições
filosóficas chinesas, entre elas o Confucionismo.
Os taoístas acreditam que o homem deve viver em harmonia com a natureza por meio do Tao; a idéia básica é a de uma grande harmonia cósmica. As crenças taoístas ressaltam a auto-desenvolvimento, a liberdade e a busca da imortalidade. O Taoísmo é fortemente influenciado pela religião popular tradicional chinesa, e os deuses taoístas são na verdade representações de grandes personagens históricos que demonstraram poderes excepcionais em vida.
Entre as divindades taoístas, destacam-se:
O Imperador Jade - Considerado o soberano supremo de todas as divindades chinesas, teria criado a humanidade a partir do barro. Os taoístas rezam para ele para obter boa sorte e longevidade em seu aniversário, e também na noite do Ano Novo Chinês.
Estátua do Imperador Jade (Templo de Shan Tun)
Cai Shen - O deus Chinês da prosperidade e da riqueza é amplamente cultuado pelos chineses – por razões óbvias. Acredita-se que Cai Shen teria sido um general da Dinastia Qin, e é representado por um tigre negro.
A cronologia da origem das bases
filosóficas taoístas ainda permanece obscura, podendo ser bastante anterior a Lao Tzu (Lao Tze), considerado o fundador
da religião. Ele, na verdade, foi responsável por um grande impulso à religião
sobre a qual já existiam alguns conceitos primitivos.
O taoísmo propõe a restauração do estado pleno de vida e consciência, o caminho que leva à perfeição, ou seja, o Tao. Para isso utilizam-se vários meios, como as práticas que promovem a boa saúde física e mental, o estudo dos clássicos escritos pelos grandes instrutores do passado, os métodos místicos para a restauração da ordem interna e, fundamentalmente, a meditação, como caminho de transformação, auto-aprimoramento e elevação espiritual.
Os meios para o retorno ao Tao (Dao) englobam as Artes (Shù), a Lei (Fa) e o Caminho (o Tao em si). Shù ou as artes procuram restaurar o equilíbrio energético do indivíduo através de conhecimentos - de saúde, de oráculos, do destino, da leitura da natureza e do homem. O Fa é o conjunto de métodos místicos que restauram a ordem, a organização e a “lei interior e exterior” através da força espiritual. A meditação é o caminho espiritual por excelência.
Por ter uma origem muito antiga, o taoísmo apresenta muitas ramificações. Seus conhecimentos, manifestados através de várias escolas taoístas, poderiam, de modo geral, ser classificados segundo cinco vertentes:
1) Dān Ding - significa literalmente Caldeirão e Elixir; é a que nós chamamos no Ocidente de Escola da Alquimia;
2) Fú Lù - “Fú” significa, literalmente, Correspondência, e “Lù” quer dizer Ordenar. Ou seja, é a Escola da Correspondência e da Ordenação, referindo-se à Escola Ritualística e da Lei Cósmica;
3) Jīng Dian - literalmente significa “Textos Clássicos”. São escolas que enfatizam mais os estudos clássicos; podem ser chamadas de Escolas Filosóficas ou Escolas de Estudos filosóficos do Taoísmo;
4) Jī Shàn - significa Acumulação da Bondade: aplica os conhecimentos taoístas em benefício da sociedade, do indivíduo, da vida; é a escola voltada para a doação e para as práticas taoístas na vida quotidiana;
5) Zhān Yuàn - significa Oráculos e Experiências, ou seja, Yi Jing (I Ching), Astrologia, Artes Marciais, Acupuntura, incluindo conhecimentos de cura através das ervas da medicina taoísta e diversos trabalhos energéticos.
O incenso é um elemento constante nos rituais taoístas.
Quanto à organização clerical, o Taoísmo é constituído de estrutura monástica e
sacerdotal. Os escritos de Chuang Tzu (369-286 a C), além do Tao Te Ching, também são considerados sagrados.
"Os medíocres vivem lúcidos;
Só eu aparento estar confuso.
Os medíocres vivem lúcidos;
Só eu introspectivo;
Indefinido como uma noite silenciosa.
As pessoas todas têm seus egos;
Só eu o ignoro, considerando-o precário."
Tao Te Ching, capítulo 20
Fontes e referência:
Sociedade Taoísta do Brasil
Tao Living
Discovery Channel
FUNDAÇÃO
DO TAOÍSMO
Como no Budismo, muitos fatos da vida de Lao Tsé são lendas. Uma
delas é a questão dele já haver nascido velho.
Supostamente, ele nasceu no sul da China em volta do ano 604
a.C. Ele tinha uma importante posição no governo, como superintendente judicial
dos arquivos imperiais em Loyang, capital do estado de Ch'u.
Por desaprovar a tirania dos regentes de seu governo, Lao Tsé
veio a crer e ensinar que os homens deveriam viver uma vida simples, sem
honrarias ou conhecimento. Sendo assim, ele renunciou o seu cargo e foi para
casa.
Para evitar a curiosidade de muitos, Lao Tsé comprou um boi e
uma carroça, e partiu para a fronteira da província, deixando aquela sociedade
corrompida para trás. Ao chegar lá, o policial, um de seus amigos, Yin-hsi, o
reconheceu e não o deixou passar. Ele advertiu Lao Tsé que deveria escrever
seus ensinamentos, e só assim poderia cruzar a fronteira na região do Tibete.
TAO TE CHING — O LIVRO SAGRADO
Segundo a história, Lao Tsé, agora com 80 anos, regressou após
três dias com os ensinamentos escritos em um pequeno livro com aproximadamente
5.500 palavras. Ele o denominou de "Tao te Ching", o "Caminho e seu
Poder" ou o "Caminho e Princípios Morais". Logo após, ele montou
em um búfalo e partiu para nunca mais voltar. Lao Tsé foi canonizado pelo
imperador Han entre os anos 650 e 684 a.C. Segundo a história, ele morreu no
ano 517 a.C.
Uma das facetas do "Tao te Ching" é ensinar ao povo como
resistir às terríveis calamidades comuns na China. Ele diz que a pessoa deve
sempre permanecer em um nível baixo, sem nenhuma ambição, e sem desejar
sobressair sobre qualquer circunstância, a fim de sobreviver.
O Taoísmo
religioso (Tao
Ciao) surgiu na dinastia do imperador Han, no século II.
Tchuang-tseu, um discípulo de Lao Tsé e filósofo chinês, que morreu no
princípio do século III, desenvolveu e proliferou os ensinamentos de seu
mestre. Tchuang-tseu escreveu uma média de 33 livros sobre a filosofia de
Lao-Tsé, que resultou na composição de 1.120 volumes, os quais formam o Cânon Taoísta.
Ele acreditava que o "Tao-te-Ching"
era a fonte da sabedoria e a solução para todos os problemas da vida.
Para compreender a filosofia do Taoísmo, vejamos o que
Tchuang-tseu pronunciou quando sua esposa morreu:
"Como posso me
comover com sua morte? Originalmente ela não tinha vida, nem forma, e nem força
material. No limbo da existência e não-existência havia transformação, e a
força material estava envolvida. A força material se transformou em forma, a
forma em vida, e o nascimento em morte. Da mesma maneira que acontece com as
estações do ano. Ela agora dorme na grande casa, o universo. Para eu estar chorando
e pranteando, será mostrar minha ignorância do destino. Por isso eu me abstenho."
OS
ENSINOS DE LAO TSÉ
O credo do Taoísmo é: "Sujeite-se
ao efeito, e não busque descobrir a natureza da causa."
O Taoísmo é uma religião anti-intelectual, que leva o homem a
contemplar e se sujeitar às leis aparentes da natureza, ao invés de tentar
compreender a estrutura destes princípios. A doutrina básica do Taoísmo se
resume em uma forma prática, conhecida como as "Três Jóias": compaixão,
moderação e humilhação. A bondade, simplicidade e
delicadeza também são virtudes que o Taoísmo busca apresentar às pessoas.
Os ensinos de Lao Tsé eram, em parte, uma reação contra o
Confucionismo humanístico e ético daquele tempo, o qual ensinava que as pessoas
só poderiam viver uma vida exemplar, se estivessem em uma sociedade bem
disciplinada, e que se dedicassem aos rituais, deveres e serviços públicos. O Taoísmo,
por sua vez, enfatizava que as pessoas deveriam evitar todo tipo de obrigações
e convívios sociais, e se dedicassem a uma vida simples, espontânea e
meditativa, voltada à natureza. Por isso, o imperador Shi Huang Ti mandou
queimar os livros de Confuncio.
Segundo os ensinamentos do Taoísmo, o Tao (caminho) é considerado a única fonte do universo,
eterno e determinante de todas as coisas. Os taoístas crêem que quando os
eventos e coisas são permitidas existir em harmonia natural com a força
macro-cósmica, então existe paz.
Tao
— Deus:
Apesar do Taoísmo originalmente ignorar um Deus criador, os
princípios do Tao eventualmente tem o conceito de Deus. Lao Tsé escreveu: "Antes do céu e da terra existirem,
havia algo nebuloso... Eu não sei o seu nome, e eu o chamo de Tao."
Yin
e Yang:
Eles consideram também que tudo no mundo é composto pelos
elementos opostos Yin e Yang. O lado positivo é o yang, e o negativo, o yin.
Esses elementos transformam-se, complementam-se e estão em eterno movimento,
equilibrados pelo invisível e onipresente Tao. Yang é a força positiva do bem,
da luz e da masculinidade. Yin é a essência negativa do mal, da morte e da
feminilidade. Quando esses elementos não estão equilibrados, o ritmo da
natureza é interrompido com desajustes, resultando em conflitos. Eles ensinam
que da mesma forma que a água se modela dentro de um copo, o homem deve aprender
a equilibrar seu Yin e Yang, a fim de viver em harmonia com o Tao.
O filme "Guerra nas
Estrelas" foi baseado na filosofia taoísta, em que a força universal
existe e as pessoas determinam se a usam para o bem, ou para o mal.
Esta filosofia vai contrária a Teologia Bíblica. Deus é
onipotente e a fonte de todo o bem. Lúcifer, hoje Satanás, foi criado por Deus,
e por isso tem limites quanto à sua autoridade e poder. Como fonte do mal, o
Diabo se opõe ao reino de Deus. Ele não é, nunca foi, e nunca será igual ou se
harmonizará em sua oposição à Deus.
Embora formulado há mais de 2.500 anos, o Taoísmo
influencia a vida cultural e política da China até hoje. Suas manifestações
mais populares são o chi-kung, arte
de autoterapia; o wu-wei, prática da
inação; ioga; acupuntura; e as artes
marciais wu-shu ou kung-fu.
Artes
Marciais
É ensinado nas artes marciais como: kung-fu, caratê, judô, aikidô,
tai-chi-chuan e jujitsu, que o equilíbrio da pessoa com o Tao é estabelecido
quando a "Força" ou "Ch'i", uma energia que sustenta a
vida, flui no corpo e se estende a fim de destruir o seu oponente.
Acupuntura
Usando a mesma filosofia, eles vêem a saúde fisiológica como a
evidência do equilíbrio do Yin e Yang.
Se estes elementos estão desequilibrados, as enfermidades surgem.
Eles ensinam que para restaurar a saúde necessita haver uma ruptura no fluxo do
Yin e Yang, o qual é feito através de agulhas inseridas no corpo. Uma vez que o
equilíbrio dos elementos tenham sido restabelecidos, a força do Tao
pode fluir livremente no corpo trazendo a cura.
Ioga
Apesar da ioga não referenciar ao Taoísmo, ela incorpora a mesma filosofia da "Força" como
sustentador da vida e da estética. O Taoísmo professa a longevidade e a
imortalidade física pela perfeita submissão à ordem natural universal, através
da ioga, meditação, prática de exercícios físicos e respiratórios, dietas
especiais e mágica.
Culto
aos ancestrais:
Para os chineses, a maioria dos deuses são pessoas que tiveram
poder excepcional durante a sua vida. Por exemplo, Guan Di, que é o deus protetor dos negociantes, foi um general dos
anos 200 d.C.
Rituais
de exorcismo:
O Taoísmo
possui um sacerdócio hereditário, principalmente em Taiwan. Esses sacerdotes
dirigem rituais públicos, durante os quais, eles submetem as orações do povo
aos deuses. O sacerdote principal, que no momento da cerimônia se encontra em
transe, se dirige a outras divindades, representando outros aspectos do Tao, em
favor do povo. O Taoísmo enfatiza que os demônios devem ser aplacados com
presentes, a fim de assegurar a passagem do homem na terra.
Alquimia:
Química da Idade Média e da Renascença, que procurava,
sobretudo, descobrir a pedra filosofal e o elixir da longa vida. O imperador
Shi Han enviou expedições navais para várias ilhas, a fim de descobrir a erva
da imortalidade. O imperador Wu Tsung tomou medicamentos taoístas para
eterificar seus ossos. Os chineses buscam o Taoísmo para fins de cura e livramento de
espíritos maus.
Magia
ou mágica:
Arte oculta com que se pretende produzir, por meio de certos
atos e palavras, e por interferência de espíritos (demônios), efeitos e
fenômenos contrários às leis naturais. Os discípulos de Lao Tsé diziam ter
poder sobre a natureza e se tornaram adivinhos e exorcistas.
O TAOÍSMO NA ATUALIDADE
Na atualidade, o Taoísmo está dividido em dois ramos: o filosófico e o religioso.
O Taoísmo
filosófico é ateísta e se diz ser panteísta. Ele trata levar o homem a uma
harmonia com a natureza através do livre exercício dos instintos e imaginações.
O Taoísmo
religioso é politeísta, idólatra e exotérico, pois consulta os mortos.
Ele teve início no segundo século, quando o imperador Han edificou um templo em
honra a Lao Tsé, e o próprio imperador ofereceu sacrifícios à ele.
Somente a partir do século VII é que o Taoísmo veio ser aceito
como religião formal.
O Taoísmo
religioso possui escritura sagrada, sacerdócio, templos e discípulos.
Também crêem numa nova era que haverá de surgir e derrotará o sistema
estabelecido. Com o tempo, o Taoísmo aderiu deuses ao sistema religioso, crença
do céu e do inferno, e a deificação de Lao Tsé.
O Taoísmo
pratica o que Paulo escreveu aos Romanos: "Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e
honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito
eternamente. Amém." A vida de virtudes éticas pode ser atrativa, mas
falha quando se trata da natureza pecaminosa do homem. Respeitar as leis ou
preservar a natureza é uma mordomia que o homem desenvolve para com a terra,
mas nunca deve ser uma forma de devoção religiosa, acima do Deus Criador da
natureza.
Antes do Comunismo tomar a China, para cada 11 chineses, um era
taoísta. Suas práticas animistas tem diminuido na China, mas continua
grandemente nas comunidades chinesas da Ásia. Apesar de não ser uma religião
oficial nos Estados Unidos, seus princípios filosóficos são encontrados na
maior parte das seitas orientais no Ocidente.
Atualmente, a religião conta com cerca de três mil monges e 20
milhões de adeptos em todo o mundo, sendo muito popular em Hong Kong, com mais
de 360 templos.
Por Wagner Bull
O termo
taoísmo
é usado para designar diferentes movimentos
religiosos da China. Um deles é o taoísmo filosófico (chin. tao-chia), fundado
por Lao-tsé (ou Lao-tzu, 570-490 a.C.) e Chuang-tzu (369-286 a.C.); o outro é o
taoísmo religioso
(chin. tao-chiao), constituído por diversas
escolas. Enquanto o primeiro enfatiza o ensinamento do caminho (chin. tao) e da não-ação (chin. wu-wei), o segundo é devotado a atingir
a imortalidade (chin. ch'ang-sheng pu-ssu)
através de práticas alquímicas, físicas, respiratórias e sexuais. O confucionismo também pode ser considerado um ramo do
taoísmo.
A obra-mestra da tradição taoísta é o I Ching ou Livro das Mutações. É um livro atribuído a um imperador lendário, Fo-hi
(Fu-Hsi ou Fu-Shi), o qual se diz ter trazido todo o conhecimento entre o céu e
a terra na forma de oito kuas ou símbolos. Tais kuas são compostos dos dois pólos de existência, o yin e o yang, os
quais, superpostos e combinados entre si, expressam a totalidade das variações
ou mutações possíveis no cosmos. Ele ensina a harmonia da vida através da
adequação aos ritmos universais.
Infelizmente, o I Ching tem sido
conhecido no Ocidente na sua versão popularizada e divinatória, sendo usado
como um oráculo por inúmeros adeptos da Nova Era. Há aqueles... Estes
ignoram por completo suas dimensões metafísicas e espirituais, contentando-os
com aplicações periféricas. Ignorando o contexto chinês e o significado dos
símbolos envolvidos (os quais só podem ser conhecidos a partir de um
conhecimento profundo da tradição espiritual chinesa), os adeptos (nem todos) modernos do
I Ching
apenas seguem a tendência geral de outros
tarólogos, runólogos, astrólogos e demais "experts" que insistem em
se utilizar de símbolos fora de seus contextos de origem.
O
texto enunciado acima, me parece ser um tanto anti-filosófico. Onde o rapaz
generaliza, esquecendo que cada um é um e etc... Sem falar que está cheio de
idéias conceitualizadas e julgamentos que deveria omitir.
O
I Ching é um livro
tão sintético (recebeu dez comentários somente de Confúcio) que deve ser
complementado por outras obras de referência para o seu correto entendimento.
Assim, por volta do século VI a.C., o grande sábio taoísta Lao-tzu deixa para
os homens o Tao Te Ching, o Livro
do Caminho e da Virtude, o qual explicita um pouco mais a Tradição do Tao.
Junto com a Bíblia, ele é o livro sagrado mais publicado no mundo. Um pouco
mais tarde vem a surgir o Kan Ing, o Livro das
Ações e Reações Concordantes, uma compilação feita por discípulos de Lao-tzu.
Possuidoras de um status quase canônico na tradição estão as
Obras de Chuang-tzu, o grande metafísico e poeta que explicou o Caminho do Tao
com uma beleza raramente encontrada. Com parábolas e estórias ele expande os
ensinamentos do
Tao Te Ching
e do I Ching.
(Ricardo
Sasaki, O Outro Lado do Espiritualismo Moderno)
O Tao
Te Ching é um livrinho de apenas 20 ou 25 páginas, dividido em 81
capítulos. Ninguém sabe ao certo quem o escreveu, mas diz a lenda que foi o
filósofo Lao-tsé, que viveu no século VI a.C., tendo sido mais ou menos
contemporâneo de Confúcio. As histórias sobre a vida de Lao-tsé são muitas e
variadas, e os historiadores não têm certeza sequer se ele de fato existiu.
[...]
Para Confúcio, o tao era a suprema ordem do universo, que o
homem tinha de seguir. Lao-tsé também concebia o tao como a harmonia do mundo,
especialmente do mundo natural. Só que ele foi mais além: o tal é a verdadeira
base da qual todas as coisas são criadas, ou da qual elas jorram. Várias vezes
o tao é descrito como o "Céu", isto é, algo divino, embora não seja
um deus pessoal.
A diferença mais importante entre a concepção de Lao-tsé sobre o
tao
e as outras é que Lao-tsé acreditava ser impossível descrever tao de maneira
direta e racional. "O tao que pode
ser descrito não é o tao real", disse ele. Isso significa que o homem
não pode usar o intelecto para compreendê-lo. Ele deve meditar, imerso numa
tranqüilidade sem nexos e esquecer todos os seus pensamentos a respeito de
coisas externas, como o lucro e o progresso na vida. Só então irá alcançar a
união com o tao
e será preenchido pelo te, a força vital. [...]
Alguns discípulos de Lao-tsé direcionaram o misticismo natural
para aspectos mais mágicos. Foram esses elementos de magia que encontraram
maior ressonância entre as massas, ao se incorporarem às crenças e feitiçarias
de tempos mais antigos. Por exemplo, Lao-tsé acreditava que quando um indivíduo
permanece passivo, preserva sua força vital por longo tempo, mantendo-a
saudável e pura. Mais tarde, algumas pessoas começaram a interpretar essa idéia
como a possibilidade de alcançar longevidade cada vez maior e passaram a se
interessar em se tornar imortais. Filósofos taoístas, além de meditar,
exercitavam práticas mágicas e tentavam descobrir o elixir da vida eterna. Lado
a lado com o taoísmo
filosófico, foi se desenvolvendo uma religião popular baseada em Lao-tsé
mas que tinha também seus próprios deuses, templos, sacerdotes e monges. Havia
rituais complexos, em parte inspirados pela prática buddhista, com procissões,
oferendas de alimentos aos deuses e cerimônias em honra dos vivos e dos mortos.
(Victor
Hellern, Henry Notaker, Jostein Gaarder, O Livro das Religiões)
Após a revolução comunista na China, o taoísmo sofreu grandes
perdas; mesmo assim, ele continua a florescer, especialmente em Taiwan.
Parabéns pela pesquisa, sensacional!
ResponderExcluirParabéns pela pesquisa, sensacional!
ResponderExcluirObrigada, minha linda. Nem me lembro qual foi a fonte... Aproveite!
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